O nível de desenvolvimento humano deve ter uma proporcionalidade directa com o nível de leitura de um povo
*Por João Baptista
Nesta segunda-feira, 14 de Agosto de 2023, o Projecto Tindzila recebeu no seu grupo de WhatsApp e conversou com Venâncio Mondlane, deputado da Assembleia da República e leitor assíduo de livros. O debate foi moderado por Matilde Chabana, tendo como tema de conversa "A leitura como um segmento para o desenvolvimento humano".
Segundo o orador, ao longo destes seus anos de leitura e de convivência, percebeu que é muito importante ler, todavia, é muito mais importante partilhar esta leitura e ter tempo para assimilar a mesma leitura como um factor de transformação pessoal. Para Venâncio Mondlane, a leitura só ganha sentido no ser humano quando ele apreende, isto é, ele lê e medita o que está lendo; e a leitura transforma a forma de ser, a visão do mundo, o campo/universo emocional e até o próprio ser. Quando a leitura consegue alcançar isso, essa leitura é útil.
Segundo Venâncio Mondlane, "o nível de desenvolvimento humano deve ter uma proporcionalidade directa com o nível de leitura de um povo". Trouxe, nesta lógica de ideia, um conceito da psicologia que é "educação de base", que é um conceito que indica a educação média de uma nação. Nos países nórdicos, como por exemplo a Noruega, entrar numa universidade é tão vulgar como estudar a 9ª classe em Moçambique, e isso conta muito para o nível de desenvolvimento humano.
O convidado do Tindzila não deixou de olhar para Moçambique. Levantou perguntas para reflexão: Qual é a nossa visão? O que nós queremos? Que tipo de sociedade nós queremos construir amanhã? Que tipo de políticas nós queremos? É preciso que se olhe para as grandes potencialidades que o país tem. O sistema de educação de Moçambique deve começar a ser uma educação aplicada e com uma vertente direccionada a aquilo que são as potencialidades que o país tem. É preciso que sejam definidas as prioridades no país, como no Quénia, no desporto definiu-se o atletismo como a prioridade. Neste país deve ser definida uma formação prioritária e com ela Moçambique será uma nação competidora amanhã.
Como sugestões, a leitura de todas as obras de Eduardo Mondlane e "O mundo de Sofia" de Jostein Gaarder foram as recomendações de leitura deixadas por Venâncio Mondlane. E, em jeito de epílogo, desafiou o grupo da organização do Tindzila a não ser somente um simples grupo de debates intelectuais restrito, mas que pudesse resultar do Tindzila várias políticas de leitura e de escrita para o país, com propostas concretas para estratégias muito precisas que têm a ver com o desenvolvimento humano.
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*Sobre Venâncio Mondlane*
Venâncio Mondlane, tratado carinhosamente por VM7, é deputado da Assembleia da República. Não assume ser escritor, mas passa a vida rabiscando textos.
Na transição da adolescência para juventude, entre 1987 e 1990, período em que estudava na Escola Secundária Francisco Manyanga, criou uma “mini-escola” de explicação gratuita, no quintal da casa dos seus pais, dividida em várias parcelas para alunos do bairro que tinham dificuldades de assimilação de 1ª até 9ª Classe.
Sempre esteve envolvido em actividades cívicas, culturais e artísticas. Foi, durante a década noventa, promotor de um grupo artístico-cultural e literário, no distrito Kamubukwana, na Cidade de Maputo, chamado “Éditos” que gravitava as suas actividades no atelier do falecido artista plástico Micas. No final desse período, integrou-se num grupo de jovens aspirantes à literatura cujas criações eram publicadas, numa revista intitulada “Oásis”. Não tardou que no início do ano de 2000, foi convidado pelo então Secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), Marcelo Panguana, para ser um dos colunistas da maior revista literária do País, a “Lua Nova”.
Foi comentador residente da TIM, Miramar e Stv, para assuntos de natureza política. Tornou-se um comentador de televisão polivalente, similar aos chamados professores-turbo, cruzando os estúdios de todas as televisões nacionais relevantes e de algumas televisões e emissoras radiofónicas estrangeiras, como a RTP, WF, VOA e RFI.
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Para mais um ciclo de debates, Tindzila vai conversar sobre o livro "Padecer das rosas", de Emerson Mapanga, nesta Quinta-feira, 17 de Agosto (Dia da SADC), pelas 20h30.
*Projecto Tindzila*
Unidos pela Lei-tura
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