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Por cima de toda a folha

  Por Nelson Saúte Conheci o Heliodoro Baptista em 1987, numa das suas raras vindas a Maputo, à época, e tornámo-nos amigos imediatamente. Recordo-me de, numa ocasião, no jardim Tunduru, meses antes de ele dar à estampa o seu primeiro livro Por Cima de Toda a Folha, me ter dado a conhecer o seu original. Estranhei que o livro não tivesse aquele que eu considerava o seu mais belo e pungente poema até à data – “Poema à Filha de Thandi” – que era e é um poema arrebatador. Felizmente, o Heliodoro ainda foi a tempo de incluí-lo no livro. Na verdade, ele pensava que o mesmo deveria fazer parte de um livro posterior. Por Cima de Toda a Folha foi editado em 1987, e o livro seguinte – A Filha de Thandi - seria publicado em 1991. O Heliodoro era um poeta da linhagem dos poetas que se revêem numa poesia como forma de conhecimento, numa poesia eclética. Releva daí o facto de a discussão que se despoletou sobre a questão da intertextualidade, naqueles anos, não ser de todo, em relação a ele, alheia

Sonhar é Ressuscitar, de Alerto Bia

  Se nao der para realizar, pelo menos sonhe, pois a vida sem sonho, é como viver sem esperança . BIA, Alerto . 2016 Harani MAHALAMBE Não me neguem! Repito: não me neguem a filosofar quando o título que nos dá acesso à poesia de Bia é já filosófiico – Sonhar é Ressuscitar. Entendamos: sonho  enquanto metáfora do renascimento – a volta do morto ao mundo da existência. Voltar à casa – lugar de partida e do retorno; lugar de acesso ao interior do ser – quando o mundo parece estar a desabar em grandes proporções; olhar para o mundo e tudo nos parecer trágico, insólito, absurdo, a bem dizer, náusea. E a casa, onde rodopia o silêncio sossegado, confere-nos o lugar da reflexão quando a noite se adentra com seus mistérios. Quem nunca morreu alguma vez? Eu, à semelhança de Bia, já morri repetidas vezes. Aliás, todos já morremos algum dia. Não morrer uma morte destrutiva; mas aquela morte estantânea porque ao teu ver tudo ao teu redor se imobiliza – perdeu sentido – como se o enferrujamento do p

Convite para o lançamento do livro "SONHAR É RESSUSCITAR" de Alerto Bia

  A Associação Cultural Tindzila, o poeta Alerto Bia, o Centro Cultural Palavra e Sol e a MEL DEL Artes têm o prazer de convidar o público-leitor e os amantes da poesia ao lançamento do livro "SONHAR É RESSUSCITAR" de Alerto Bia, que terá lugar no Centro Cultural Palavra e Sol - Inharrime_ Inhambane, sábado 09 de Outubro de 2021, pelas 14:30 Hrs. A apresentação do livro será feita por Harani João Mahalambe. Sobre o livro Pelo título, parece-nos que Alerto Bia quer fazer um apelo ao sonho. A metáfora "Sonhar é ressuscitar" é que transmite ao leitor essa ideia de "convite ao sonho". Este "Sonhar é ressuscitar" ressuscita novamente com o poeta Alerto, depois do "sono profundo" que ele teve desde o primeiro lançamento da mesma obra em 25 de Novembro de 2016. Nas vésperas desse lançamento, escreveu um sujeito, em Lichinga - Niassa que "[...] noto neste diário de anotações que Alerto oferece aos amantes da poesia, um dormir infinito sobr

O livro que é Corpo, os poetas que são Espírito

  Por João Baptista  Em 2018, quando ainda estudava Literatura Moçambicana na Universidade Eduardo Mondlane, durante as férias, entrevistei um estudante da 12° classe, da Escola Secundária Samora Moisés Machel - Chimoio. A entrevista era sobre o Livro e os autores de Moçambique. E numa das perguntas, eu queria saber do estudante se conhecia o escritor moçambicano Pedro Pereira Lopes. E o estudante, quão engraçado é, também fez uma pergunta: Pedro Pereira Lopes? Pedro aquele que negou Jesus? Afinal o seu apelido é Lopes? Eu disse que não. Falava do Pedro escritor emergente moçambicano, que acabava de vencer o Prémio Literário Eugénio Lisboa com a obra * MUNDO GRAVE* . E o estudante respondeu com as mãos na cabeça que desconhecia esse sujeito. E que a primeira imagem acústica do Pedro de que lhe consultei era daquele Pedro que negou Jesus depois do galo cantar 3 vezes.  Trago esta história real e desagradável, neste Dia Mundial do Livro, para realçar que os livros de escritores moçambica

A pele que grita – apresentação do livro O silêncio da Pele

  Por Hirondina Joshua É um prazer grande estar aqui para apresentar o livro de um poeta que mora na terra dos meus avós. Já no começo com essa afinidade. A mesma que desloca na pele quando sou tocada por alguma coisa. Estava há dias a ler Simone de Beauvoir, numa frase que gostava de partilhar: “por vezes a palavra representa um modo mais acertado de se calar do que o silêncio.” Esta frase mostra os lados do silêncio: que é o de invocar (chamar em voz) e o chamar sem que essa voz se oiça.  Acho interessante como esta ideia surge traduzida neste livro de poemas. Otildo Justino Guido, veio com o silêncio da pele. Vejo a pele no poema do Otildo como sendo uma possibilidade de invocar, de trazer o recôndito para o inconsciente, como se fosse uma rota obrigatória, o fim das rotas. O maior órgão do ser humano cientificamente conhecido como epiderme, do grego, em cima da pele, a camada mais superficial da pele, ora, quer dizer que existe a pele que não vemos, por estar coberta de uma outra p

Reminiscências do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

  Inharrime, província de Inhambane 23 de Abril é Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. O dia foi criado pela UNESCO para celebrar o Livro e salvaguardar os direitos de autor. Um dia como esse, em todo o mundo, várias actividades que catapultam o LIVRO e promovem o autor tiveram lugar. Não obstante num ambiente de restrições face à Covid-19. Em Moçambique, o dia foi solenizado, entre parênteses, com júbilo e pompa. Concentremo-nos, então, e com afinco, trazendo de forma esmiuçada os reflexos desse grande dia no distrito de Inharrime. No dia 23 de Abril, Inharrime foi o centro de cultura. ___ Rescaldo ___ A aurora do sol despontou e os livros foram expostos nas mesas de consulta. Às 09 horas do dia 23, o evento principiou com a entrada no local da cerimónia do administrador do distrito de Inharrime e, ao seu lado, o Director Provincial de Cultura e Turismo de Inhambane. A música deu início a festim do evento. Melhor, o festival. Cantores e guitarristas de Inharrime abrilhantara

Apresentação do Livro "Espiritualidade Poética" de Joel Caetano e Jeconias Mocumbe

  1. *Introdução* " Espiritualidade Poética " é um livro de co-autoria de Joel Caetano e Jeconias Mocumbe. Com 40 poemas que constituem o livro, essa obra poética está organizada em 4 (quatro) partes fundamentais: 1a - * Pedaços de versos ao acaso* (10 poemas); 2a - *Amor e Desalento* (10 poemas); 3a - *Atalhos* (10 poemas); 4a - *Dialéctica* (10 poemas). Cada parte do livro tem 10 poemas e ao todo são 40 poemas que constituem a obra. O livro sai pela *Editora Kulera*, uma editora moçambicana nova no mercado editorial e já publicou 10 livros, incluindo este em ênfase. Esta obra que tem 64 páginas teve a revisão de Hélder Augusto, design gráfico de José Cumbana e Amândio Afonso,  ilustração de João Timane e o seu editor chama-se Emílio Cossa. Pelo título, *" Espiritualidade Poética "* parece ser um livro didáctico, que vem para ensinar a olhar para o grau de espiritualidade de cada sujeito poético. Contudo, é praticamente uma resposta a irmandade que Moçambique

Apresentação do livro "retroalimentações do ego" de Elisio Miambo

Apresentação do livro "retroalimentações do ego" de Elisio Miambo  dia 12 de Novembro de 2020 no Centro Cultural Palavra e Sol-Inharrime  Apresentação: prof. Jeremias Francisco Jeremias  Entradas livres e limitadas _ 60 pessoas  preço do livro: 350,00 Apela-se a observação das medidas contra COVID-19. BIOGRAFIA DO AUTOR   Elísio Miambo é docente, escritor e ensaísta. Nasceu na cidade de Xai-Xai __ província de Gaza, sul de Moçambique. Além da arte, nutre um amor confesso pela comunicação, o que o fez formar-se em ensino de Português com habilitações em ensino de Inglês pela então Universidade Pedagógica (Delegação de Gaza), actual Unisave (Extensão de Gaza). No seu labor na qualidade de escritor e membro da Associação Cultural Xitende participa em várias frentes que visam a promoção da cultura.  Foi publicado em varias revistas nacionais e internacionais, e nas seguintes antologias: • “Vozes do Hiterland”, editada pela Editora de Letras de Angola em 2016.  • “Galiza-Moçam

Apresentação do Projecto Tindzila

Apresentação do projecto   O  Projecto Tindzila  surge em parte pela necessidade de romper com o monopólio artístico concentrado na divulgação de artistas residentes ou da capital do país (Maputo). No mesmo âmbito, com o presente projecto ansiamos levar os programas artísticos sobretudo desenvolvidos por jovens de qualquer ponto desta nação para diferentes esferas sociais, como forma de garantir a integração da juventude artística das zonas rurais no quadro da promoção dos valores essenciais de cada região, cultura, tribo, etnia, etc, tendo em conta a heterogeneidade cultural que a nossa nação nos oferece. Por, outra permitir a transversalidade da arte como mecanismo de extinguir a segmentação cultural e a percepção errônea de que o artista tem mais valor quando é da cidade (residente ou natural) para merecer o seu devido reconhecimento. Ademais, o principal e o primordial motivo orientador para o desenvolvimento do presente projecto se circunscreve na necessidade de ele