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A mostrar mensagens com a etiqueta Nobel de Literatura 2021

Um pouco de Zanzibar

  Centro Cultural Palavras & Sol, distrito de Inharrime, sede do Projecto Tindzila  Os portugueses chegaram a Zanzibar em 1498 onde criaram pequenas cidades juntamente com as elites Swahili que viviam no arquipélago e iniciou o londo processo de construção de um dos maiores entrepotos do comércio de escravos na costa do índico. Seguiram-se a vários processos históricos de tentativa de controlo de poder entre os sultanatos locais por um lado e revoltas populares do outro lado. Entretanto, as ilhas sempre estiveram ao controlo do sultanato de Zanzibar, mesmo quando em 1890 o arquipélago tornou-se protectorado britânico. É preciso deixar claro que o Reino Unido nunca teve soberania sobre o Zanzibar, por isso que em Dezembro de 1963, sessou o protectorado reconhecendo o Zanzibar como um país independente. Um mês depois, Jamishid Bin Abdullah foi deposto durante a chamada revolução do Zanzibar que foi um levante contra o governo maioritariamente árabe, perpetrado pela Peoples Republic o

Um pedaço de algodão doce, Abdulrazak Gurnah

Estamos abertos, LACHONETE AIMA, cidade de Inhambane, paragem Uruguai, bairro Liberdade - 03, contacto: 844085779/ 875385905   Por: Jessemusse Cacinda Meu pai nunca me quis. Cheguei a essa conclusão quando era bem jovem, mesmo antes percebi o quão estava a ser privado e muito antes que eu pudesse adivinhar o motivo disso. Em algumas vezes não perceber era misericórdia. Se esse conhecimento tivesse de chegar a mim quando fosse velho, teria aprendido a lidar com isso, provavelmente seria através do fingimento e do ódio. Teria provavelmente fasificado um certo interesse ou indignamente gritado com raiva pelas costas do meu pai e o culpado pela forma como como tudo acabou e como poderia ter sido de outra forma. Na minha amargura poderia ter concluído que não existia nada excepcional em viver sem o amor paternal. Pode até ser alívio ficar sem ele. Pais não são sempre fáceis, especialmente se eles também cresceram sem o amor de seus pais, para eles, tudo que sabem poderia faze-los perceber q

“Memory of Departure” de Abdulrzak Gurnah e a identidade africana em questão

“Uma fronteira existe justamente para ser cruzada” (Achile Membembe) Antes de mais gostava de deixar claro que ainda continuo a espera que o mwalimu Ngugi Wa Thiong’o, autor do livro Matigari (ainda está disponível nas livrarias moçambicanas) seja vencedor do prémio nóbel da literatura. Será uma grande injustiça se tal facto não acontecer. Entretanto, o facto do nóbel da literatura ter sido a um escritor não muito conhecido levanta enormes debates e posições, por um lado, pela sua imprevisibilidade e por outro, porque cresce um esforço de afastá-lo de suas origens.   Há 8 anos que concentrei a minha atenção ao pensamento africano. Basicamente ocupo 70% das minhas leituras a autores africanos, o que tem sido um momento de descoberta e reencontro comigo mesmo. Há dois anos tive a oportunidade de ler numa casa de hóspedes na Ilha de Moçambique, o livro “Memory of Departure” da autoria de Abdulrazak Gurnah.  Havia muitos livros na casa, mas este despertou-me por ter visto na biografia do a

O NELSON SAÚTE ESTÁ TOTALMENTE EQUIVOCADO

  Por : Cri O facto de Abdulrazak Gurnah ter feito a vida dele no Reino Unido, não lhe tira a africanidade, tal como Eusébio nunca deixou de ser moçambicano, por mais que este último tivesse pouco incentivo (da sua própria intelectualidade e da nação que o acolheu) para expressar com frequência, a ligação que sentia com Moçambique.   Por palavras suas, Gurnah diz ter chegado ao Reino Unido em circunstâncias quase que similares às que se submetem os africanos que chegam à Europa de barco, hoje em dia. Veio para o Reino Unido com o irmão, numa viagem que ele próprio chama de “pura aventura”. Gurnah tinha 18 anos e o irmão 20.  Quando os dois jovens decidiram rumar para a Europa, a familia toda (a raíz) ficou em Zanzibar.  Durante anos, Gurnah visitou Zanzibar.  Gurnah é perito em assuntos sobre refugiados, a condição precária do imigrante no ocidente, matérias que têm a ver com os períodos colonial e poós-colonial.  Escreveu cerca de 10 romances; na maior parte deles, descreve a costa le

Mudando de assunto

  Por: Elísio Macamo Fico contente quando um africano brilha. Abdulrazak Gurnah acaba de brilhar com a conquista do Prémio Nobel de Literatura. A minha alegria tem pouco a ver com a solidariedade “cultural”. Tem muito a ver com a impressão que causa em mim ver alguém que se formou como pessoa em condições difíceis a triunfar. É isto que me dá alegria no sucesso de africanos. As condições em que o nosso continente se constituiu e, portanto, as condições em que cada um de nós se forma como pessoa são, dum modo geral, hostis. O sucesso dum africano é, para mim, sempre a celebração da condição humana, daquilo que é possível ser, apesar de tudo. Não escondo o incômodo que os Prémios Nobel de Paz e Literatura para os africanos me criam, sobretudo os da Paz. Apesar de eles documentarem a resiliência africana, eles documentam também tudo o que está errado neste mundo. Não é que não haja africanos capazes de serem bons físicos, economistas, médicos, biólogos, etc. O facto de estarem ausentes de

FREDDIE MERCURY ERA CANTOR TANZANIANO?

  por: Nelson Saúte “Abdulrazak Gurnah foi anunciado hoje como Prémio Nobel da Literatura deste ano. A Academia Sueca prossegue, nestes últimos anos, a sua estratégia disruptiva em relação aos favoritos, laureando nomes totalmente inesperados. Sabia que hoje seria anunciado o vencedor deste ano e tinha a ideia de que o mesmo pudesse ser um autor oriundo de uma zona diversa daquela que acumula mais prémios: o Ocidente. Eu diria que esse propósito não foi cabalmente cumprido. Gurnah nasceu, em 1948, no antigo Sultanato de Zanzibar e de lá saiu aos 20 anos, tendo feito a sua vida e a sua carreira no Reino Unido. É um escritor britânico. Parece-me um dislate quando se diz que se premiou um escritor tanzaniano. Quando ele nasceu, a ilha de Zanzibar nem sequer pertencia à Tanzania. Existia a Tanganyika e o Arquipélago de Zanzibar, que teve sempre um estatuto e jurisdição colonial independente. E mais: aqueles que abandonaram a ilha na sequência da revolução, quase todos, nunca se identificam

Nobel de Literatura 2021

  #Abdulrazak_Gurnah é o vencedor do Prémio Nobel de Literatura 2021 O prémio Nobel da Literatura 2021 foi atribuído ao escritor Abdulrazak Gurnah, anunciou hoje a Academia Sueca. O prémio Nobel da Literatura foi atribuído a Gurnah “pela sua penetração descomprometida e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados no espaço entre culturas e continentes”. O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura, e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros. O tanzaniano, de 73 anos, é romancista e autor de obras como “Paradise” e “By the Sea”. Abdulrazak Gurnah é tanzaniano e vive na Inglaterra. Mais um prémio para o continente africano e, em especial, para a África Austral. Projecto Tindzila Unidos pela Lei-tura