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Poemas de Luís Amaro

Poema dos 20 anos a Reinado Ferreira Uma sombra passou na noite morta, ausente, indifinida, vindo ficar depois a minha porta, dentro da minha vica. é a lembrança dum sonho que sonhei la muito longe, incerto, envolto em brumas que chorando, amei perdido no deserto. no deserto perdido, entre fantasmas, só, na noite antiga e fria… nada mais resta do que cinza e pó da sua melodia. que lembrança triste me trouxeste, ó sombra vaga… confunde o teu perfil na noite agreste, a ver se enfim a minha dor se apaga! 23/VIII/47 A José Régio Na alta luz tao pura dos versos que deixaste procuro a voz que em mim, informulada, existe. procuro a voz das coisas da noite, ao abandono, quando o silencio oprime esta morada obscura ou alma, ser, deserto onde não chega nunca o Deus que nos teus ritmos presente esta. entanto a sede permanece, oculta, sufocada na teia que nos prende a vastidão dos dias… Dez.,1971