Avançar para o conteúdo principal

Convidamos escritores moçambicanos a levarem eventos literários para Cabo Delgado



Por João Baptista




O Projecto Tindzila retornou às suas actividades no seu grupo de WhatsApp, depois de 16 meses sem ciclos de debates. Neste Sábado, 12 de Agosto de 2023, por sinal Dia Internacional da Juventude, Tindzila recebeu e conversou com Idália Bata, Albertino José e Gildo Malodelo, estudantes da Universidade Rovuma - Extensão de Cabo Delgado. Subordinado ao tema "A literatura produzida em Cabo Delgado: estágio, crises e desafios", o debate foi moderado por João Baptista.


Os três convidados de Montepuez trouxeram ideias convergentes, afirmando que em Cabo Delgado não há nada: não há debates sobre literatura, o livro não circula, não há feiras de livros, não há saraus, não há sessões de autógrafos, não há oficinas literárias, não circulam concursos literários, não há lançamentos de livros, não surgem revistas literárias, etc. Cabo Delgado, quanto à promoção do livro e da literatura moçambicana, é uma espécie de eremitério. Idália Bata chegou a frisar que essa província do Norte do país é um lugar esquecido, nenhum escritor quer lançar livro lá, por isso tudo é um vácuo. Não se pode falar de literatura em Cabo Delgado porque não se sente nada. Seria bom, na perspectiva dos três oradores, que os escritores moçambicanos passassem a levar eventos literários para Cabo Delgado, como lançamentos de livros e feiras de livros, por exemplo.


Por conseguinte, não são só lamúrias em Cabo Delgado, pois essa província orgulha-se com Ben Jone e Paulo Nguenha, dois poetas com uma escrita sólida e enraizada.


A Literatura Universal tem oferecido muito pouco vozes femininas. Os oradores entendem que não se pode até hoje Moçambique orgulhar-se somente com Paulina Chiziane, é preciso revitalizar-se os nomes de Lília Momplé, Noémia de Sousa e algumas escritoras que caíram no esquecimento. Para Cabo Delgado, em particular, é preciso que as mulheres participem em concursos literários, estejam envolvidas em actividades literárias e contribuam para o desenvolvimento da Literatura Moçambicana.


Tindzila volta para mais uma conversa no dia 14 de Agosto, com Venâncio Mondlane, na qualidade de leitor e amante da Literatura Moçambicana, para uma conversa subordinada ao tema "A leitura como segmento para o desenvolvimento humano", a ser moderada por Matilde Chabana.



________________________


*Sobre Idália Bata, Albertino José e Gildo Malodelo*


1.



*Idália Rodrigues Bata* nasceu aos 04/12/2001 no Distrito de Jangamo, na Província de Inhambane. Frequentou o ensino primário na Escola Primária Completa de Matenga, no mesmo distrito; fez o ensino secundário primeiro ciclo na Escola Secundária Nelson Mandela, no Município da Maxixe, tendo concluído o segundo ciclo do ensino secundário na Escola Secundária da Massinga. Actualmente, é estudante do curso de Licenciatura em Ensino de Português, 3° ano, na Universidade Rovuma - Extensão de Cabo Delgado. Já participou em uma antologia do concurso FLIB (Feira do Livro da Beira), organizado pela Associação Kulemba e cujo livro será publicado pela editora Fundza, com o título "Reconciliação e Paz". Já teve várias participações em eventos como "Academia Biblioteca Mundial de Letras e Poesia", uma fundação brasileira tendo ganhado certificado de participação. É poetisa e declamadora.


_______________________


2.


*Albertino Gabriel José* é estudante do curso de Licenciatura em Ensino de Português com Habilitações em Inglês, na Universidade Rovuma - Extensão de Cabo Delgado. Tem 28 anos de idade e é finalista no seu curso. Actualmente, reside em Cabo Delgado, no distrito de Montepuez. É de Quelimane, província da Zambézia.


_______________________


3.


*Gildo Joaquim Francisco Malodelo*, de 23 anos de idade, é natural de Quelimane, província da Zambézia. Licenciando em Ensino de Português com Habilitações em Ensino de Inglês pela Universidade Rovuma - Extensão de Cabo Delgado. Escreve quase tudo desde os seus 15 anos. Compositor e cantor (RAP), escreve poesia e narrativa (conto, romance e crónica). É administrador da página do Facebook *Poesia-me hoje e sempre*, onde pode se encontrar inúmeras poesias de temáticas diversificadas. É autor da obra *“Esposa do meu Pai”* e de vários textos publicados no recanto das letras e Facebook.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Basta, Agualusa! - Ungulani Ba Ka Khosa

À  primeira perdoa-se, à  segunda tolera-se com alguma reticência , mas à  terceira, diz-se basta! E é  isso que digo ao Agualusa, escritor angolano que conheço  há mais de trinta anos. Sei, e já  tive oportunidade de o cumprimentar por lá, onde vive há anos num recanto bem idílico da Ilha de Moçambique; sei que tem escrito tranquilamente nessa nossa universalmente conhecida ilha; sei, e por lá passei (e fiquei desolado), que a trezentos metros da casa de pedra que hospeda Agualusa estendem-se os pobres e suburbanos bairros de macuti (cobertura das casas à base das folhas de palmeiras), com  crianças desnutridas, evidenciando carências  de gerações de desvalidos que nada beneficiaram com a independência de há 49 anos. Sei que essas pessoas carentes de tudo conhecem, nomeando, as poucas e influentes famílias moçambicanas que detém o lucrativo negócio das casas de pedra, mas deixam, na placitude dos dias, que os poderosos se banhem nas águas  d...

Gibson João José vence a 17ª edição do Prémio Literário José Luís Peixoto

  Gibson João José, natural da província de Inhambane, Moçambique, foi um dos vencedores do Prémio Literário José Luís Peixoto em 2024, na categoria destinada a não naturais ou não residentes no concelho de Ponte de Sor. O escritor conquistou o prémio ex aequo com a obra Em Vogais, ao lado de Paulo Carvalho Ferreira (Barcelos), distinguido pela obra Almanaque dos dias ímpares. Para Gibson, “ter vencido o Prémio Literário José Luís Peixoto | 2024 constitui uma enorme satisfação e, talvez, um bom sinal para quem conquista o seu segundo prémio e está a dar os primeiros passos nesta jornada de incertezas”. Acrescenta, ainda, que esta vitória é "também um marco na literatura moçambicana, que, nestes últimos tempos, tem-se mostrado vibrante e promissora, com autores novos que, a cada dia, elevam o seu país além-fronteiras”.O Prémio Literário José Luís Peixoto é atribuído anualmente pela Câmara Municipal de de Sor em 2006, tendo a sua primeira edição ocorrido em 2007. Segundo a organiza...

Pedro Pereira Lopes vence o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura 2024

O escritor moçambicano Pedro Pereira Lopes foi distinguido com o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura 2024 pela sua obra “Tratado das Coisas Sensíveis” . Este prestigiado prémio literário, instituído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), tem como objetivo promover a literatura de língua portuguesa, reconhecendo obras de autores que se destacam pela excelência e originalidade. Além da consagração de Pedro Pereira Lopes, a obra “A Vocação Nómada das Cidades” , de autoria de André Craveiro, recebeu uma Menção Honrosa . Sobre o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura O Prémio, em homenagem a Vasco Graça Moura, figura incontornável da literatura portuguesa, destina-se a premiar obras inéditas no âmbito da poesia, ensaio ou ficção. Além de prestigiar autores de língua portuguesa, o concurso visa estimular a criação literária e assegurar a publicação e promoção das obras premiadas. As candidaturas são abertas a autores de qualquer nacionalidade, desde que os trabalhos sejam a...