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A mostrar mensagens com a etiqueta Otildo Justino

...“cresceram sem poemas e prosas/ atrás de bois a puxarem carroças”...

 Estou na Cidade de Xai-Xai, onde moro há quase 10 anos. Daqui onde pouso o corpo, consigo contemplar o azul do mar, o cheiro forte do sal, e o som miúdo das ondas, fazendo cócegas ao tempo. E as árvores abanam as cabeças como se concordassem com alguma coisa. Talvez este clima de pássaros e pedras no horizonte, o brilho indelével das algas perto da espuma, não de água, mas de uma entidade marinha que só esta praia tem. Digo, as mil mulheres caminhando como cavalos, os pés esculpidos à carne, tacteando a areia fina, que lembra barcos fora do poema. Não estou sozinho, quase nunca estou só, embora precise de um momento para ler um livro ou escrever uma biata de verso, nunca é possível, tenho amigos que já se tornaram irmãos. E é com eles que divido a luz que teço nesta tarde de puro sol. E mais que estar acompanhado por pessoas, tenho, não ao meu lado, mas dentro de mim, a nova música de Dynâmico El Capitine, uma espécie de quem tem o sangue a circular em suas veias, ou um fumo que sopra

Otildo Justino Guido no FOLIO

Otildo Justino Guido, jovem escritor moçambicano, membro e Co-mentor do projecto Tindzila, laureado com o Prémio Fernando Leite Couto em 2019, participa do FOLIO - Festival Literário Internacional de Óbidos, em Portugal.  Otildo Justino Guido participará de sessões de conversa, fará o lançamento dos seus livros “O silêncio da pele” (Prémio Fernando Leite Couto 2019) e “O osso da água” (Prémio de Poesia Judith Teixeira 2020). Além de uma Residência Artística.  A deslocação tem o apoio do Município de Óbidos, Câmara de Comércio Portugal Moçambique e a Fundação Fernando Leite Couto. Mini biografia  Otildo Justino Guido, de 22 anos de idade, nasceu no distrito de Homoíne, província de Inhambane. Co-mentor do  Projecto Tindzila,  Gestor do CC Palavra & Sol, frequenta o curso de Contabilidade e Auditoria na Universidade São Tomásde Moçambique, na cidade de Xai-Xai, Gaza.

Otildo Justino Guido, Prémio de Poesia Judith Teixeira 2020

  O escritor moçambicano Otildo Justino Guido consagrou-se vencedor do Prémio de Poesia Judith Teixeira2020 com a obra “O Osso da Água”.   O Prémio de Poesia Judith Teixeira 2020, avaliado em 2500 euros (mais de 200 mil meticais), é atribuído pelo Município de Viseu e pela editora Edições Esgotadas, através da Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva, em Portugal. “O Osso da Água” teve a melhor classificação entre 204 obras de poesia submetidas a concurso, por autores provenientes de vários países de língua portuguesa como Moçambique, Angola, Cabo Verde e Brasil. Por sua vez, o presidente do Município de Viseu, António Henriques, a atribuição deste prémio a um autor moçambicano reforça o sentido “da fraternidade da comunidade de língua portuguesa”.   OTILDO J. GUIDO Otildo Justino Guido, de 22 anos de idade, nasceu no distrito de Homoíne, província de Inhambane. Co-mentor do Projecto Tindzila, Gestor do CC Palavra & Sol, frequenta o curso de Contabilidade e Auditoria na U

Uma entrevista entre caminhos que levam à origem com Otildo Justino

Podia nos falar sobre quem possivelmente seja Otildo Justino? Otildo Justino é uma tentativa de curar a doença do tempo; atirado ao fogo da palavra e na dimensão da solidão, para costurar a eterna ferida do verso; e consolar a tristeza de todos os pássaros do mundo…   Pensamos ser uma questão provocativa, mas que merece ser feita sobretudo para quem trabalha com a subjectividade do eu. Ilustre, acima do nosso reconhecimento pelo seu trabalho vem a questão: como faz a descrição “Eu” e em que situação se liberta das tuas entranhas? Eu somos muitos; infinitos; que alguns transbordam no papel. Procuro que no final dessa luta que travo dentro de mim – a batalha de caligrafias e sotaques dos deuses – saía a palavra, como espelho de todos que em mim afundam.Digo afundam, porque por dentro sou um rio de lágrimas do sol que queima de frio, do pássaro desprovido da arte do voo, do tempo que sofre por ser eterno, das mulheres que nunca foram pessoas, da água que sonha em ser terra

Um Tindzileiro conquista o 1º lugar da 3ª edição do prémio Literário Fernando Leite Couto na modalidade de poesia

O Projecto Tindzila leva o prémio literário da 3ª edição Fernando Leite Couto para Inharrime na pessoa de Otildo Justino Guido “ KA MADAUKANE E O SILÊNCIO DA PELE ” f oi a obra que consagrou o jovem Otildo Justino Guido, natural de Inhambane, residente actualmente na província de Gaza, no passado dia 12 de Dezembro de 2019, vencedor da 3 edição do prémio Fernado Leite Couto num universo de 96 obras concorrentes. Biografia   do Poeta   OTILDO JUSTINO GUIDO, moçambicano, nascido no distrito de Maxixe, na província de Inhambane; formando em Contabilidade e Finanças; membro da Associação Cultural Xitende; um dos mentores do Projecto Cultural Tindzila; é compositor de letras de música, poeta e escritor; participou no projecto “Nova Poesia Africana de Expressão Portuguesa” (2015); participou na antologia Internacional da CPLP “Entre o Samba o Fado e a Poesia” (2015), participou na antologia “Obsessões” da editora Lua de Marfim (2015); participou na colectânea de conto

RIO INHARRIME - Otildo Justino Guido

Imagem Sou mistura do que ainda não sou e do que finjo não ser Minha alma não conhece o seu lugar. Habita na semente para confundir o fruto. E tomba no chão para ser realmente novamente a semente que da origem ao novo começo do fruto As vezes tento me ver: sou paria de água doce sou rio de água salgada Sou mistura de fruto, semente e chuva enrolado no abraço dos chopes. Otildo Justino Guido

À Mabanhane - Escrita. Lua.

Imagem: Otildo Justino E se me perguntasse porquê escrevo. Não encontrarei maior razão que esta: sou poeta. A minha existência tem como base escrever. Se não escrevo. Morro . Desfaleço . Como pétalas duma rosa amputada a sua raiz. Conheço as palavras. E sabes o quanto as odeio. Do jeito que as olho e as utilizo. Berro-as. E espalho-as nos meus momentos de dor e solidão. Tanta coisa para ser dita. Para ser escrita. Poderia ser o IDAI que estuprou Beira ou Chang que meteu o país no bolso. E eu, aqui, reconstruindo um passado escondido em cada sorriso meu. Em cada toque que dou as águas do mar. Em cada olhar que lanço nas ruas em que sorrias, esbelta, como se nunca morrêssemos . Cada instante era um momento breve e eterno. O sol. O corpo. O suor escorrendo no calor do abraço. Como rio roçando infinitamente as suas margens. Acreditei em nós, nessa poesia escrita por duas mãos. Por alguns instantes morri no frescor do mundo para que pudesses viver. Agora estou de luto de mim. A mi