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O diálogo entre a pintura e a escultura

 *

Por João Baptista


Ita das Dores


Ita das Dores e Aparício Cuinica brilharam no palco do Tindzila, expondo os seus trabalhos e explicando as técnicas que usam para darem ornatos às suas artes. A conversa moderada por João Baptista teve lugar neste sábado, 26 de Agosto, no maior grupo de promoção do livro, da leitura e das artes: Projecto Tindzila.


Ita, diminutivo de Maita, é pintora e cantora. Tem 19 anos de idade. Segundo a artista, muita gente confunde o seu nome com pseudónimo, porém, é simplesmente um ortónimo. Ela começou a desenhar na primária e complementado no ensino secundário. Como Narciso da Grécia Antiga, Ita das Dores inspira-se nela própria e tudo em sua volta vê com beleza.

Aparício Cuinica



Por outro lado, Aparício tirou-nos a dúvida se ele é pintor ou escultor. Cuinica, cognome e nome artístico, assume-se escultor, conquanto que reserva tempo para pintar também. Ele descobriu ao longo da caminhada que não era com cores que queria trabalhar, mas sim com coisas e objectos. Não queria apenas trazer uma tela de tecido, queria sobretudo que o seu público sentisse o seu trabalho, daí a escultura sendo a actividade que o identifica. Agora, surpreende-nos o facto de Aparício Cuinica fazer uma relação de intertextualidade entre literatura e escultura para dar esplendor ao seu trabalho. É que ele lê livros e, a partir deles, cria uma escultura. Citou *O país de mim*, de Eduardo White, *Os meus versos*, de Rui de Noronha e, *Balada de amor ao vento* de Paulina Chiziane. Cabe a nós, neste momento, recordar um dos títulos da sua escultura. "Surge et Ambula, Maputa", recorrendo a elementos textuais já usados pelo poeta do realismo moçambicano, Rui de Noronha, pelo poeta do realismo português, Antero de Quental, e pelo poeta do parnasianismo brasileiro, Olavo Bilac. Cuinica ainda falou do prémio que venceu, o Prémio Municipal da Juventude na categoria de Criação Artística, afirmando que projectou o seu nome e a sua arte. 


A conversa com a plateia virtual ainda foi abrilhantada com um momento musical. Ita das Dores, artista versátil, cantou sua música com um som da guitarra, emocionando os membros integrantes do Tindzila. 


Segundo os artistas, eles foram coroados com os cabelos de Sansão, daí que prometem muita força e muito empenho para dignificarem o dom que eles ostentam. Num futuro próximo, os seus trabalhos serão objectos de apreciação/contemplação numa galeria de arte.



*Projecto Tindzila*

Unidos pela Lei-tura

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