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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2023

...“cresceram sem poemas e prosas/ atrás de bois a puxarem carroças”...

 Estou na Cidade de Xai-Xai, onde moro há quase 10 anos. Daqui onde pouso o corpo, consigo contemplar o azul do mar, o cheiro forte do sal, e o som miúdo das ondas, fazendo cócegas ao tempo. E as árvores abanam as cabeças como se concordassem com alguma coisa. Talvez este clima de pássaros e pedras no horizonte, o brilho indelével das algas perto da espuma, não de água, mas de uma entidade marinha que só esta praia tem. Digo, as mil mulheres caminhando como cavalos, os pés esculpidos à carne, tacteando a areia fina, que lembra barcos fora do poema. Não estou sozinho, quase nunca estou só, embora precise de um momento para ler um livro ou escrever uma biata de verso, nunca é possível, tenho amigos que já se tornaram irmãos. E é com eles que divido a luz que teço nesta tarde de puro sol. E mais que estar acompanhado por pessoas, tenho, não ao meu lado, mas dentro de mim, a nova música de Dynâmico El Capitine, uma espécie de quem tem o sangue a circular em suas veias, ou um fumo que sopra

MOSTRE-NOS O SEU TALENTO!

  Pela celebração do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, temos dois livros para oferecer às duas pessoas que se revelarem mais criativas neste passatempo. Você está pronto para ser o(a) vencedor(a)? Então presta atenção à regra:   ESCOLHA UM VERSO DESTE POEMA E CRIA UM TEXTO OU MESMO UM POEMA COM AS SUAS PALAVRAS (MÁXIMO 50 PALAVRAS)   "Tão discreta, tão frágil, tão efémera, assim me encanta e me comove esta límpida alegria, tão leve, tão clara, nascendo flor de jacarandá, tão frágil e discreta.   (…)   Explosão de leveza e claridade do céu em busca de nova tonalidade.   Um céu em miniatura e filigrana de lilás – obra de um deus mensurável."   Fernando Leite Couto Excerto do poema Jacarandá, 1984   É FÁCIL NÃO É? VAMOS CRIAR E ESPALHAR TALENTO! DIZ MUITO COM POUCAS PALAVRAS. (MÁXIMO 50 PALAVRAS) *O texto tem de ser colocado nos comentários na página do Facebook da Fundação Fernando Leite Couto*   Passatempo válido somente para Moçambique até às 23h59 do dia 23 de Ab

Prelúdio pós mortem em (de) R(apper) maior

  Por Zeferino Ngoenha.  Em Janeiro escrevemos a vida post mortem de Cabral, em Fevereiro a vida post mortem de Mondlane, em Março o réquiem em bro (Carlos Carvalho) maior, em Abril, vistas as mórbidas circunstâncias, estávamos para salmodiar um réquiem em R(apper) maior. Porém, a – ainda curta – vida post mortem de Azagaia (que desnuda as contradições da nossa sociedade e as dissonâncias graves entre o povo e o seu governo) está a suplantar a sua existência histórica. No cerne dos acontecimentos em torno do seu falecimento e da celebração da sua vida, está subjacente um debate ligado à busca da verdade e da justiça. Infelizmente a filosofia chega sempre tarde (...), ela aparece no tempo depois que a realidade completou o seu processo de formação (Hegel). No processo de compreensão da condição histórica, as artes chegam primeiro: Homero antes de Platão, Langston Hughes antes de Alain Locke (Black Renaissance), Césaire antes de Hountondji ou Craveirinha antes de Castiano. Mas as artes i