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Alguns Poemas de Dorival Brasil, SP

  “A criação, uma poesia”   O maior Poeta do mundo, que com sua inspiração tudo criou. Criou os céus e a terra, que era sem forma e vazia. Criou a luz e as trevas, chamando trevas de noite e luz de dia. Criou entre as águas, um firmamento, para separar as de baixo e as de cima, e de firmamento, céu o chamou.   Então, ajuntando num só lugar as águas que estavam debaixo do céu, E aparecendo a parte seca, disse ser terra, e terra até hoje ficou! E os mares que hoje existem, são o conjunto das águas, que outroraEle apartou.   Ordenando, que a terra fosse coberta de vegetação: Nasceram plantas que deram sementes e árvores, cujos frutos foram produzidos de várias espécies, em todas as estações.   As luminares no céu fixou: Para iluminar a terra, O maior sendo o Sol para governar o dia, O menor sendo a Lua, e junto com ela as estrelas para governar a noite,   Separando o dia da noite, e a noite do dia, Servindo eles de sinais para marcar estações, anos e

Uma roda e frota na arqueologia dos discursos, poemas de Britos Baptista

 1. Vento toca timbila nos teclados do mar 2. Na sacola de palha na mão esquerda do Cabo cabe: o peso de uma granada  de papel; um relógio de tédio pendurado  no peito de Afungi; o suor das ruas de Mocímboa — a voar no solitário céu do Wimbe; os tantos abertos olhos dum exacto silêncio; uma roda e rota e frota e porta na lamacenta arqueologia dos discursos; um redondo mapa nos rijos joelhos do sol; os braços duma magra vela — a olhar um rio de algas — a nadar nos olhos do crocodilo; a embriaguez nos pés do fogo; as nuas costas da bala. Perdida?; o cordão umbilical da guerra; as barbas em chamas na metralhada  nortenha metrópole; o nariz das campas na pele dos homens; os corpos sem ar sobre o chão dos pulmões; os capitães da caça  na vertigem das máscaras de Mueda; o crânio do escuro na luz do abismo; os cabelos de mágoa de Palma nos espelhos da dor; a tonta cor cinza  nos ventos que o incêndio ergue; a sombra dos homens deitada no colo das estradas; os erguidos calcanhares das lâminas;

Poemas de Arton Souza

  Anotações sobre os dias de angústia É delicado fechar os olhos depois de contornar a soleira da velha casa [essa limítrofe atmosfera de retesar silêncios ] onde haveríamos de ser abandonado. Nessa manhã estamos distantes demais  do pão e do amor & a chaga da palavra benevolência responde por essa fisiomia  com uma linguagem  de petúnias arcaicas.  O essencial é inventar agora como semear  o pão, o amor e a casa só esse latifúndio nos conduzirá  ao verbo antes da carne.  In: Antologia de poesia moçambicana, vol. 1, poemas 258. Dos desígnios dentro de nós Para os olhos estendidos no alpendre há esta casa aberta ao propósito do milagre  & todos nomes sem rosto no subterraneamento da fome, perguntam: como desfazer a efemeridade ossatória aludida na amargura inquieta de deus? Como ir à guerra, sem ocupar o coração,  com a pragmática dos métodos  e a maneira de não traçar planos para o destino do inimigo? É difícil entender porque a noite  não nos ensina como inventar o amor muito

QUANDO O CÃO MORDER A NOITE

QUANDO O CÃO MORDER A NOITE  Vamos vestir o amor assim que o cão morder a noite  embebedar as nossas almas na lucidez dos beijos afogar os nossos corpos no leito do nosso amor e procurar por de baixo da língua,  as ferramentas para desmontar a noite Vamos vestir o amor assim que o pôr-do-sol  perder sua timidez beber o sol escuro, com as suas alegorias até a noite, não ser apenas noite sentindo o tiritar de estrelinhas em nosso ser costurar os beijos no silêncio do vazio Vamos juntos ouvir a voz das estrelas  e da lua,  declarando-se para o céu  nesta noite linda como o teu olhar Vamos vestir a noite no suor da madrugada no sabor da mastigada de um pau  e de uma feijoada vamos vestir a pele na cor da mesma linguagem juntos na mesma linhagem que ressoava melaço na diáfana escuridão Vamos sorver a saudade que repousa  na almofada do tempo numa tremenda solidão do vento amando-nos de baixo dos olhos da deusa Vénus oh deuses, vê-nos nesse acto pecaminoso Vamos descalçar o amor: o amor não

3 Poemas de Rosário Dombe

Sou Machope Da terra de timbila cultura vendida aos Europeus identidade perdida nas veias de Inhambane Sangue conectado nas estranhas de Gaza habitante do Mundo esquecido Zavala paisagem linda trocada pelos sonhos dos Brancos Vivemos alimentados pelo ódio, inveja, feitiçaria, terra   que além de produzir   Riquezas produz Ricos. O sorriso apaga-se todos dias no meu rosto Juntei me aos Machanganas da cidade para esconder a minha Naturalidade mesmo assim, o meu rosto liberta o machope que há em mim.          Rosário Dombe Àfrica Minha terra organizada e bela Terra da sorte e riqueza Terra de Petroleo e Gás Terra de chigovia,timbila e tudo Hoje,pagamos dividas sem saber Mas,os donos das dividas são aqueles que tem Ôh,Àfrica Ser Negro libertou me a pobreza Morro eu com os filhos que nasci Salário de pobreza,eu já não aguento Sou produtor de Guerras e colhedor da da Tristeza Passam Mêses,fica Dor Meu olhar,li