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Uma vista às eleições gerais de 2024 - Ungulani Ba Ka Khosa

Para quem, como eu, tem acompanhado, ao longo de mais de quarenta anos, como professor e, acima de tudo, escritor, o percurso da Frelimo, em tanto que Frente de libertação de Moçambique e, subsequentemente, como Partido de orientação marxista,  desembocando em Partido sem estratégia ideológica, estas eleições não me  surpreenderam de todo. Ao acompanhar a leitura dos resultados feita pelo Presidente da Comissão Nacional de Eleições, veio-me à mente a durabilidade no poder de um outro partido do sul global, o PRI (partido revolucionário institucional), do México,  que esteve no poder entre 1929 e 2000. 71 anos no poder. Longo e asfixiante tempo! As críticas  que se faziam, nas sucessivas eleições, centravam-se na fraude eleitoral, na sucessiva repressão contra os eleitores, na sistemática violação dos princípios democráticos, na falta de lisura no trato da coisa pública. Tal e qual a nossa situação. A propósito, o grande Poeta e intelectual mexicano Octávio Paz, dizia, com a linguagem q

Apreciação da obra o retrato dos demónios de Naji Sacaúnha

  "O Retrato dos Demónios" , de Naji Sacaúnha com selo editorial da Massinhane Edições, é uma obra que se insere no género de ficção especulativa e oferece uma experiência literária imersiva, onde o sobrenatural e o real se entrelaçam de maneira visceral. A narrativa, centrada na figura de Maria, leva o leitor a uma jornada sombria e introspectiva, permeada por angústia e mistério. O autor constrói um universo denso, em que a vida e a morte coexistem e se entrelaçam como parte de uma única experiência contínua, como ilustrado pela protagonista: "Para mim, a morte é a coisa mais natural que se pode receber da vida" (p. 23). Desde as primeiras páginas, Sacaúnha envolve o leitor em uma atmosfera carregada de tensão psicológica. O tom contemplativo da protagonista é reforçado pelas descrições poéticas e, muitas vezes, filosóficas do autor. A solidão e o desespero que dominam Maria em várias passagens evocam um profundo senso de introspecção existencial. Isso é especi

Mergulhando no ambiente de Mukhwarura por Zacarias Nguenha

O poema de Mukhwarura, presente na Colectanea Ocaso , oferece uma exploração sensível da interseção entre desejo, vazio e identidade. A primeira estrofe mergulha em uma linguagem visceral, onde o coração é personificado e se entrelaça com os elementos da casa e do corpo, criando uma imagem de intimidade e conexão física profunda. As metáforas intensas e o ritmo quase frenético refletem uma busca de prazer e uma sensação de deslocamento emocional. Na segunda estrofe, o tom muda para um lamento mais introspectivo. O "abismal vazio" e o "clamar" pela presença do outro transmitem uma angústia existencial e uma busca por completude. A comparação entre a cidade e "dois cães fornicando" sugere uma crítica à superficialidade das relações urbanas, enquanto o desejo de conexão profunda é manifestado pela "lava quente" e as "melodias de guitarra." O poema, portanto, delves na complexidade das emoções humanas e no desejo de encontrar um sentido aut