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A recepção da Literatura Angolana nos países de expressão portuguesa

 20 de Março, Agenda.


Conversa com Isabel Sango

Tema: A recepção da Literatura Angolana nos países de expressão portuguesa
Moderador: Joel Caetano

Isabel Sango 

Depois de termos sido honrados com a presença do professor universitário Ricardo Pedrosa Alves do Brasil, no evento passado, tendo abordado aspectos marcadas sobre a literatura moçambicana no Brasil, desta vez, vamos escalar a Angola na pessoa de Isabel Sango, escritora angolana, que nos vai falar sobre A RECEPÇÃO DA LITERATURA ANGOLANA NOS PAÍSES DE EXPRESSÃO PORTUGUESA.

Everdosa (1963, p.7) nos escreve o seguinte, em a literatura angolana (resenha histórica):

FLORESCE no solo angolano, com a pujança e a teimosia da vegetação que se renova na anhara consumida pela queimada, encontrando nas próprias cinzas o elemento vitalizador da seiva que lhe corre nas veias, uma literatura que, procurando ser especificamente angolana, caminha a passos largos para a conquista duma posição no conjunto da literatura universal. Literatura vasada na língua portuguesa, que transplantada para novas terras sofreu a influência do meio angolano, tomando um ritmo e formas próprias do falar das gentes de Angola, mormente nos centros populacionais mais antigos onde se processou um mais íntimo contacto de culturas, como Luanda e Benguela e suas zonas de influência. Fenómeno que encontra paralelo nas letras brasileiras e caboverdeanas (sic).

Sobre o paralelismo das letras angolanas, brasileiras e cabo-verdianas, temos a destacar uma passagem do professor Ricardo Pedrosa Alves, da conversa realizada sobre a literatura moçambicana no Brasil no passado sábado dia 13 de Março de 2021, onde deixou constar que, no inicio o que se estudou mais no Brasil, foi principalmente, as literaturas angolanas e cabo-verdianas. A relação entre Brasil e Angola, foi muito importante desde o século XIX, século XVIII, além disso, muitos dos revolucionários angolanos, já no século XX, eram também escritores. Como é o caso de Luadino Vieira e Pepetela. Então a literatura Angolana chegou antes aqui, esses dois, foram os autores mais estudados até 2003.

As primeiras produções de um autor filho de Angola, de que há conhecimento até agora, remontam ao séc. XVII, segundo nos informa António Cadornega na sua «História Geral das Guerras Angolanas», e saíram da pena de um militar, o capitão António Dias de Macedo, que «tinha sua veya de poeta». É provável a existência de outros literatos, porém, só a partir da publicação dos primeiros jornais angolanos, já na segunda metade do séc. XIX, se começaram a proporcionar as condições para a manifestação do fenómeno literário, Everdosa (1963, p.8).

E segundo Everdosa (1963), na história da literatura angolana salientam-se quatro grupos literários, nomeadamente, o grupo literário de 1880 que deu vida à imprensa africana que conheceu na altura um notável desenvolvimento, o de 1896, ainda com predomínio do jornalismo como melhor forma de expressão mas já intencionalmente virado para a literatura, e os dois últimos, praticamente nos nossos dias, um em 1950 e o outro sete anos depois.

Em suma, encontramos, sob esta linha de pensamento uma literatura jovem que se tenta impor cada vez mais robusta na literatura Universal, e para não cairmos no absurdo de tactearmos factos na sombra, deixaremos ao critério de uma filha desse outro lado do mundo, Isabel Sango, para nos falar da recepção da literatura angolana nos países de expressão portuguesa, suas marcas simbólicas e particularidades. Afinal, o que é cultura? É sabermos donde viemos e para onde vamos.

Temos a salientar que, a conversa vai contar com a moderação do poeta Joel Caetano, por sinal, também filho das artérias de Angola, que recentemente, nos brindou com uma obra de co-autoria intitulada ESPIRITUALIDADE POÉTICA, com Jeconias Mocumbe (moçambicano), obra chancelada pela Kulera, disponível em formato digital e que brevemente, em Moçambique, estará disponível no formato físico. Com este duo, nos recordam os autores desta magnifica obra poética, que, a poesia não se encarcera, não possui limites geográficos e nem sequer, deve sobre ela, se estabelecer qualquer tipo de fronteira.

Tindzila

pela Lei-Tura

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