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Um outro horizonte de humanismo artístico em Chua Nuvunga

 


De: Jeconias Mocumbe

 

É deveras um título chamativo, cujo objectivo é convidar ao estimado leitor e apreciador de arte a um mundo cheio de complexidades, imagens e representações que se prendem a um fio ficcional a primeira vista, que, em verdade, o autor nos alude a uma reflexão sobre questões mais profundas das nossas vivências, de uma forma natural, simplista, intriguista e genial de fazer a arte ser algo extemporâneo, digo isto porque, o Chua Nuvunga, como ele prefere nomear o seu génio artístico, transmite-nos uma lição, estou seguro que muitos de nós bem a conhece, de que, no mundo nada é invalido, nada fica ultrapassado, é preciso ir a fundo das coisas e através da sua ilusória complexidade que elas podem transparecer seremos capazes de olhar os detalhes mais invulgares, e é assim que se pode entender esta arte de Chua, que através de objectos, maioritariamente, estragados ao olhar de muitos, Chua, lhes dá um novo retoque, um visual para o lado de um belo chamativo e calamitoso.   

É preciso ter-se os olhos capazes de destilar complexidades vulgares para que possa alcançar a genialidade com que este artista molda as suas obras. Chua Nuvunga é um jovem das terras humildes da cidade de acácias que migrou para a terra do rand, como muitos desta nossa bela pátria, em busca de melhores condições de vida, quiçá, de um reconhecimento artístico que lhe é devido, no entanto, bem que receio dizer isto, mas as vezes é preciso tocar lá dentro da ferida para que alguma coisa seja feita, o pobre artista, dentro de diversas turbulências da vida, até ao momento que se escreve o presente texto, a sua luta está aquém de ser vencida, sem descontar as provações deste tempestuoso momento de pandemia.

Não tenho muito as vos legar desta humilde pessoa e artista na alma de Chua, só há na pessoa de Chua e em mim, um pedido sincero, a ser feito, pois, faz muito tempo que o artista bate a porta do lado de fora para que se lhe deixe entrar, e ainda, se possível, peço humildemente, que seja concedido um lugar de poisio confortável porque, ele sim, tem muito a nos legar do bom que tem feito, e garanto ainda que, não será em vão e não haverá nenhum remorso depois.

Sem mais, contemplem abaixo um pouco do que é capaz.

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 BIOGRAFIA DE CHUA NUVUNGA



Jochua Fernando Nuvunga de nome artístico Chua Nuvunga, nasceu em Maputo, em 7 de julho de 1989, Técnico de Rede e Eletricidade, com 1 ano de curso da Química Analítica na Escola Industrial 1 de Maio de Maputo, apaixonado pelo desenho desde ensino primário, sendo um sonho que sempre tivera e quisera seguir, sempre esteve e manteve de forma constante, contacto com o mundo das artes através dos eventos culturais, exposições de artes plásticas em galerias, museus de artes, centro culturais e feiras de artes. E , este sonho de se tornar num artista plástico, agora em edificação, foi impulsionado significativamente no momento em que conheceu, o seu dito mestre e instrutor, Titos Pelembe, com o qual aprendera e continua aprendendo bastante sobre as artes plásticas.

Nuvunga, nascido numa família de 9 irmãos e pais camponeses e domésticos, cresceu a escutar músicas de estilo reggae, sendo Peter Tosh e Bob Marley, seus grandes e favoritos artistas. Em 2002 se interessa pela cultura Hip hop, tendo começado a compor alguns títulos como repper, e fora das músicas gravadas a solo, integrou em certos grupos que não se mantiveram coesos. Atualmente, fundador e líder co-produtor e compositor dos grupos de Hip Hop, Rebanho lírico, Normas da crença, Projeto 678/7 Código da nascença e Ntsonga wo lhawuleka, fundador do Movimento Humilde em 2014, um movimento anti-racismo, tribalismo, injustiça, indiferença, discriminação, violência, hierarquia impositora e antidemocrática e, desigualdade social, que objetiva desarticular, desacreditar e abandonar a indiferença, racismo, injustiça, tribalismo, violência e a desigualdade social sem o uso da violência, com influências da cultura Hip Hop e música rap, do movimento Rastafari e música reggae, num miscelânea de culturas cujo se define com o inteirar, reivindicar e intervir nos problemas sociais, encontrou, Chua Nuvunga, nas artes visuais um novo meio para se expressar, reivindicar e intervir nos problemas sociais.

Por outro lado, Nuvunga, autodidata e preservador do meio ambiente, usa o material reciclado, junto a Poverty, Assemblage, Pós dadaísmo surrealista, arte africana, expressionismo e os ideais do Movimento Humilde para expressar as emoções humanas e interpretar as angustias psicológicas e físicas, assim como, com os mesmos recursos, tenta intervir e reivindicar contra os precursores dos problemas que assolam a sociedade no geral.

 


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