Avançar para o conteúdo principal

Reminiscências do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

 

Inharrime, província de Inhambane



23 de Abril é Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. O dia foi criado pela UNESCO para celebrar o Livro e salvaguardar os direitos de autor. Um dia como esse, em todo o mundo, várias actividades que catapultam o LIVRO e promovem o autor tiveram lugar. Não obstante num ambiente de restrições face à Covid-19.




Em Moçambique, o dia foi solenizado, entre parênteses, com júbilo e pompa. Concentremo-nos, então, e com afinco, trazendo de forma esmiuçada os reflexos desse grande dia no distrito de Inharrime.


No dia 23 de Abril, Inharrime foi o centro de cultura.



___ Rescaldo ___


A aurora do sol despontou e os livros foram expostos nas mesas de consulta.



Às 09 horas do dia 23, o evento principiou com a entrada no local da cerimónia do administrador do distrito de Inharrime e, ao seu lado, o Director Provincial de Cultura e Turismo de Inhambane.





A música deu início a festim do evento. Melhor, o festival. Cantores e guitarristas de Inharrime abrilhantaram a cerimónia.




Depois do momento musical, seguiu-se a parte mais esperada: lançamentos dos livros de Otildo Justino Guido e Joel Caetano e Jeconias Mocumbe, sendo O SILÊNCIO DA PELE e ESPIRITUALIDADE POÉTICA, respectivamente.


Enquanto decorriam os lançamentos, a exposição de livros tinha lugar, simultaneamente. Livros na exposição: uma da parte da Associação Tindzila e outra da parte da Direcção Provincial de Cultura e Turismo. Ao lado uma biblioteca móvel.




Ainda no que concerne aos lançamentos de O SILÊNCIO DA PELE e ESPIRITUALIDADE POÉTICA, testemunhou-se a intervenção dos autores dos livros, cada um trazendo o ponto de vista em relação ao seu livro. No semblante de cada autor, o sentimento era somente de emoção e de agradecimento. Emoção porque publicam em casa, juntos das famílias. Agradecimento porque era um sonho realizado.

Emílio Cossa, editor da Kulera 

Celso Muianga, editor 


Houve intervenção do editor Celso Muianga, fazendo uma "elegia" ao Calane da Silva, ele que foi o presidente do júri que escolheu Otildo Justino Guido para o Prémio Fundação Fernando Leite Couto - 2019. Ainda houve a reacção do editor da Kulera, Emílio Cossa, falando sobre o percurso para se chegar à publicação de Espiritualidade Poética.


As apresentações dos livros foram feitas por Alerto Bia (O silêncio da Pele) e João Baptista (Espiritualidade Poética). Para Alerto Bia, num texto de Hirondina Joshua, disse que o silêncio estava rodeado no corpo da obra, exemplificando com excertos. E, para João Baptista, Espiritualidade POÉTICA é um livro que revela a estética e a expressão de conteúdos da imaginação por meio de metáforas ou palavras polivalentes.


O angolano Joel Caetano, um dos autores de Espiritualidade poética, não se fez presente, todavia, deixou uma mensagem que passamos a citar, sucintamente:


"[...] a concepção desta obra é uma batalha renhida, onde o desânimo não poucas vezes visitou a nossa mente e o nosso coração, onde os dias somaram semanas, e as semanas meses, e quando demos por nós, tinha se passado anos. Foi paciência e querer, acima de tudo, que fizeram com que esta obra saísse ao público."






Houve leituras de poemas de dois livros por estudantes. E declamações de poesia. Poesia acústica, também. 


No epílogo da cerimónia, o administrador do distrito de Inharrime disse na sua intervenção que se sente feliz vendo dois filhos da casa publicando livros para nos comunicar um saber. Por sua vez, sendo o Dia Mundial do Livro, o Director Provincial de Cultura e Turismo realçou "é preciso fazer do livro um caminho para o povo tomar o poder" , fazendo versão das palavras de Samora Machel. Aqui, o poder não é de chefia, mas um poder do domínio do conhecimento, da ciência.




Houve foto de família, em frente ao edifício da administração distrital de Inharrime; entrevista aos autores dos livros e um almoço de confraternização no "hotel" onde os convidados estavam hospedados.


A exposição de livros terminou às 17 horas.


O evento teve sucesso graças às colaborações entre a Direcção Provincial de Cultura e Turismo de Inhambane e do Governo de Inharrime e da Associação Tindzila.




Projecto Tindzila

Unidos pela Lei-Tura

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Em Moçambique, poucas editoras acreditam que um livro de texto dramático pode vender

 ** Por João Baptista No dia 17 de Agosto, Dia da SADC, o Projecto Tindzila conversou com Emerson Mapanga sobre o seu livro de estreia *Padecer das rosas*. O debate foi moderado por Adilson Sozinho. *Parecer das rosas* já é em si uma peça teatral. Existe peça teatral escrita e peça teatral em cena. Esta última é o espetáculo em palco. O texto que resultou neste livro já foi levado à cena. Foi montado um espetáculo no ano de 2019. Este livro nasceu da adaptação do romance *A Rosa Xintimana* de Aldino Muianga, daí a ligação das personagens do livro de Emerson Mapanga e Aldino Muianga. Quem lê esses dois livros consegue compreender as vivências da sociedade, a natureza africana e as suas culturas. O teatro alimenta-se da vida e, como a vida, Padecer das rosas é uma obra cheia de interrogações.  Quanto à questão da personificação das personagens, Emerson acredita que todas as personagens construídas surgem dentro de uma base que pré-existem em escritores e dramaturgos. E a opção de escreve

A Literatura Produzida em Cabo Delgado: Estágio, crises e desafios

   Por: Adilson Sozinho Uma sugestão que nos foi trazida pelo projecto Tindzila para 13.08.2023, na plataforma, WhatsApp. Conversa moderadora pelo João Baptista e tendo como oradores três estudantes universitários de Cabo Delgado, nomeadamente, Idália Bata, Gildo Malodelo e Albertino José. Sobre a Literatura produzida em Cabo Delgado, os oradores trouxeram de forma sintética as percepções que se seguem, no entanto, antes de mais, salientar que os três jovens, são naturais e residentes em Montepuez, um dos distritos mais belos e atractivos da província de Cabo Delgado depois de Pemba. É um distrito com uma densidade populacional considerável. Foi estratégico conversar com os jovens deste distrito que alguns consideram possuir uma das maiores cidades da província, se não, a maior, deixando para trás até a cidade de Pemba. O JB questionou à Idália sobre o estágio da literatura em Cabo Delgado, a qual se espelhando no seu distrito respondeu: “Cabo Delgado é uma província esquecida em ter

O nível de desenvolvimento humano deve ter uma proporcionalidade directa com o nível de leitura de um povo

 *Por João Baptista  Nesta segunda-feira, 14 de Agosto de 2023, o Projecto Tindzila recebeu no seu grupo de WhatsApp e conversou com Venâncio Mondlane, deputado da Assembleia da República e leitor assíduo de livros. O debate foi moderado por Matilde Chabana, tendo como tema de conversa "A leitura como um segmento para o desenvolvimento humano". Segundo o orador, ao longo destes seus anos de leitura e de convivência, percebeu que é muito importante ler, todavia, é muito mais importante partilhar esta leitura e ter tempo para assimilar a mesma leitura como um factor de transformação pessoal. Para Venâncio Mondlane, a leitura só ganha sentido no ser humano quando ele apreende, isto é, ele lê e medita o que está lendo; e a leitura transforma a forma de ser, a visão do mundo, o campo/universo emocional e até o próprio ser. Quando a leitura consegue alcançar isso, essa leitura é útil. Segundo Venâncio Mondlane, "o nível de desenvolvimento humano deve ter uma proporcionalidade