Centro Cultural Palavras & Sol, distrito de Inharrime, sede do Projecto Tindzila |
Os portugueses chegaram a Zanzibar em 1498 onde criaram pequenas cidades juntamente com as elites Swahili que viviam no arquipélago e iniciou o londo processo de construção de um dos maiores entrepotos do comércio de escravos na costa do índico. Seguiram-se a vários processos históricos de tentativa de controlo de poder entre os sultanatos locais por um lado e revoltas populares do outro lado. Entretanto, as ilhas sempre estiveram ao controlo do sultanato de Zanzibar, mesmo quando em 1890 o arquipélago tornou-se protectorado britânico. É preciso deixar claro que o Reino Unido nunca teve soberania sobre o Zanzibar, por isso que em Dezembro de 1963, sessou o protectorado reconhecendo o Zanzibar como um país independente. Um mês depois, Jamishid Bin Abdullah foi deposto durante a chamada revolução do Zanzibar que foi um levante contra o governo maioritariamente árabe, perpetrado pela Peoples Republic of Zanzibar and Pemba, um movimento socialista liderado pelo partido Afro-Shirazi. Em Abril de 1964, Zanzibar uniu-se ao Tanganhyca e formaram a República Unida da Tanzania. Entretanto, Zanzibar continua uma região autónoma. Zanzibar como a maioria das cidades da Costa do Índico são meramente cosmpolitas. Os principais grupos étnicos são os Shirazi que são os chamados Afro-Zanzibares e os Arabo-zanzibares, também tem um número vasto de árabes, indianos e persas. Mas a designação geral de todos eles afinou-se para Swahilis. Apesar de uma aparente calmia depois da revolução e da união com o Tanganhyca, as tensões permaceram. Entretanto, República Unida da Tanzania é oficialmente um país uno desde 1964, entretanto, a maioria dos naturais das ilhas continuam a considerar-se “Zanzibares”. Hoje recebi da Professora Maria Paula Meneses um livro intitulado “The Globalization of Space” editado por Mariangela Paladino e John Miller onde consta um artigo de Abdulrazak Gurnah com o título “Writing the littoral”, nele aborda vários episódios da história da costa do ocenano índico e como ele reiventa-os nos seus livros, aborda também o compromisso que tem em trabalhar criativamente e academicamente com a costa oriental africana (irei voltar a este artigo para facilitar a minha compreensão do seu romance Grevale Heart de onde retirei o texto “um pedaço de algodão doce”) . É mais uma oportunidade que tenho para continuar a conhecer o pensamento de Gurnah mas também começo a tecer alguns cruzamentos com a escrita da escritora Kenyana Yvone Adhiambo Owuor, autora do “The Drangofly Sea” que partilhou palco em Nairobi com vários escritores escritor africanos, incluindo o “gigante” moçambicano Ungulani Bakha Khossa no Makondo Lit Festival. Há também uma hipótese de intertextualidade com o livro “A triste história de Barcolino: o homem que não sabia morrer” da autoria do moçambicano Lucílio Manjate.
Jessemusse Cacinda
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