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3 Poemas de Rosário Dombe


Sou Machope

Da terra de timbila
cultura vendida aos Europeus
identidade perdida nas veias de Inhambane

Sangue conectado nas estranhas de Gaza
habitante do Mundo esquecido Zavala
paisagem linda trocada
pelos sonhos dos Brancos

Vivemos alimentados pelo ódio,
inveja, feitiçaria,
terra  que além de produzir  Riquezas
produz Ricos.

O sorriso apaga-se
todos dias no meu rosto

Juntei me aos Machanganas da cidade
para esconder a minha Naturalidade
mesmo assim, o meu rosto liberta
o machope que há em mim.

         Rosário Dombe
Àfrica

Minha terra organizada e bela
Terra da sorte e riqueza
Terra de Petroleo e Gás
Terra de chigovia,timbila e tudo
Hoje,pagamos dividas sem saber
Mas,os donos das dividas são aqueles que tem

Ôh,Àfrica
Ser Negro libertou me a pobreza
Morro eu com os filhos que nasci
Salário de pobreza,eu já não aguento
Sou produtor de Guerras e colhedor da da Tristeza
Passam Mêses,fica Dor
Meu olhar,liberta alegria
Mas,meu coração molha do sofrimento




África
Minha mãe, mulher dos Brancos
Os Brancos que hoje te chamam de Amor
Hoje, tudo esta claro que há brancos que vem com interesse
Estes mesmos que gritam
Acorda África, Acorda África, Acorda
Onde, o roubo, sofrimento e mortes é a Moda
Onde, os loucos de gravatas trocam se riqueza nossa

Minha África
Vergonha que presencio na minha África
Eles engordam e o povo emagrece porque nem se quer migalhas pertence-o

Oh, África
Terra de Mandela, Machel, Josina e Marcelino dos Santos
Heróis que morreram e deixaram sofrimento na ausência de hospitais
As Crianças abandonam as Escolas por fome
São muitos conhecimentos nesta terra que não conseguem matar a fome
O conhecimento destes narcisistas é mentir-te e roubar-te. África.

Oh África
Minha terra de peso
Onde há falta do entendimento nos dirigentes
Onde nascem surdos e as forças de falar nascem nas armas
Armas, arma, bombas e catanas....
Guerraaa....
Guerra que acaba meus familiares
Meu Deus, estenda a sua mão ao redor dos Negros
Esta minha África
Onde a pobreza da mente liberta lágrimas dos Albinos
Os pais por falta de humanidade
Vendem os filhos
Não se amam
Se amam
Os irmãos se matam
Os Ricos se odeiam

Ó África
Afinal, o que falta para respeitar-nos
Fiquemos em pé e seguremos as mãos
Guardemos as armas e utilizemos as mentes
E esperamos o que irá nos livrar da pandemia que assola o Mundo

Rosário Dombe




Tristeza

O triste me consome
Sinto me um sarcástico sobrevivente
O triste me desgasta
Já não sei mais para que viver
Mês para morrer basta viver

Sim
Já não tenho mais forças para viver
De tanta tristeza e sofrimento
Carros nadando no Rio de Sangue
Nós nos matando uns aos outros

Meu Deus
Matamo-nos dia pôs dia
Nossas famílias construindo cisternas de lágrimas

E
Os meus pensamentos são tristes
A tristeza ataca-me até ao ventre
Matamo-nos como se o ciclone IDAI e KENNETH não bastasse

Mas eu não estou triste
Pois, sou a própria tristeza.


Rosário Dombe
Rosário Dombe
Nasceu aos 24 de Agosto de 2000 em Quissico, Zavala – província de Inhambane
Residência actual: Xai-Xai, Gaza Moçambique




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