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BARREIRAS CULTURAIS – O REFÚGIO DO AUTO ENGANO



Há um castelo fundamentado na pedra angular [Jesus Cristo]. Tal pedra que viu a cruz do calvário acalentado, abraçado e suportado por seus pulmões fatídicos, para cingir de uma boa durabilidade à construção. Os pregos de ferro cruzando o mar vermelho dos braços, os parafusos de aço bem fixados nas paredes dos pés e a coroa de ouro no aranha-céu, ornada com pedras preciosas de espinhos, ilustravam uma decifrada álgebra para o lançamento da primeira pedra.


Há um castelo erguido a pedras rubras; o produto foi o resultado de uma colisão irreversível de dois inesquecíveis reagentes: a pilhagem [+] a hospitalidade. Graças ao trabalho impecável dos santos pedreiros de vendas pretas [cativos da cegueira], que quebram os pinos das suas colunas vertebrais nas Catacumbas da adoração, a serviço de um vidente [arquitecto embaralhado por papéis dourados nas algibeiras]. E a tola fortaleza, deu-se o prazer de penetrar com os seus pegajosos dedos nas estranhas da nossa terra, despida para este adágio!



Hah! Há um castelo, sim, senhor, de cobertura esbelta de mármores, esmeraldas e rubis de Cabo Delgado! É um castelo arqueada diante de palácios reais, de Reis Nobucudosores que condenam em suas maníacas orações os, Daniel's pecadores à fornalha de fogo, por celebrarem a luz da aurora agasalhada pelas mãos juvenis do cosmos... esfolados por juízes das sombras que nos roubam a tonalidade da pele, ao estenderem os seus vastos e escuros lençóis nas nossas pupilas.


Há sim um castelo, castelo que retrai para o alto das suas colinas a urgência da confissão, para uma redenção que habita no ressoar da trombeta de um anjo, flagrado por um alto-falante casto! Não tardará o perdão dos pecados amaldiçoados na nossa carne e alma ao adentrarmos o paraíso – que em surdina encobre os feitos vergonhosos dos santos dizimistas.


Há sim um castelo, sei dizer, é no Ocidente e Oriente; polo Norte e polo Sul... Aliás, sem excluir o Equador [Geografia excluída do banquete das civilizações]. Castelo que dissipa as vertigens do adultério – atiçadas pela bandeira dos horizontes, acanhada com a aparição de um Deus de astral vingativo nas congregações cristãs, nos templos judaicos, nas toas dos monhés, etc.

Há um castelo, sim, senhor! Elevado no coração solitário dos oceanos, nas águas, nas quais navegam embarcações para serem engolidas pelo terror das ondas pagãs, antes mesmo de ressuscitar o ambicionado tesouro!


Autor: Xituculuana


Xituculuana, pseudónimo de Elídio Ermelinda Vilanculo. Poeta e Escritor por vocação, fundador da Netos Editorial. Finalista do prémio literário FLC 7 ª. edição com a obra Memorial de um vento, participou em várias antologias nacionais e internacionais, em destaque a Coletânea Ocaso – Vol.1, organizada pela Massinhane Edições e a Comunidade Ressonâncias Literárias, na qual é membro interno, a ocupar o cargo de Coordenador Geral. Dedica-se profissionalmente a edição e Design Editorial. É completamente apegado à lite-ratura, com expectativas de contribuir positivamente para o desenvolvimento da arte, cultura e educação.

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