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Eça de Queirós

Eça de Queirós



Seria difícil imaginar o rumo da cultura portuguesa sem o no Eça de Querós, que se instaurou como um marco da qualidade da literatura portuguesa de igual forma que se tem os seguintes nomes, Luis de Camões, Fernando Pessoa entre outros. Nomes de incontestável repercussão mundial.



Eça de Queirós, o grande mestre do romance português moderno e certamente o mais popular entres os escritores portugueses do seculo XIX, morreu aproximadamente a 100 anos em Paris aonde o levou a vida de diplomata. Havana, Newcastle, Bristol foram outros tantos postos que ocupou. No entanto, pode se imaginar as origens do seu olhar critico e sarcástico sobre o mundo do seu tempo em cronicas e obras de ficção que visaram a politica,  religião, a literatura, a mentalidade burguesa, a hipocrisia social. Mas o seu campo de eleição foi sempre Portugal, cenário da maioria das obras de ficção e lugar onde todas suas obsessões desaguam.

Atravessou o rimatismo social, o realismo, o naturalismo, no limiar da modernidade, tudo isto caldeado pela fantasia e pelo disparo da ironia, a "Santa Ironia", que lhe permitiu nao se zangar com o mundo e a vida, apesar de todos os desencantos por que ele e a Geração de 70, em que se integra, passaram. 


Filho e neto de magistrados, Eça de Queirós nasceu a 25 de Novembro de 1845, na Povoa de Varzim, onde sua mãe, Carolina Augusta Pereira d'Eça, natural de Viana do Castelo, o daria a luz, como fruto de amores clandestinos, em casa de parentes que habitavam nessa vila. Seus pais só viriam a casar 4 anos mais tarde. O Dr. José Maria Teixera de Queiroz, seu pai, era então delegado do procurador régio em Ponte de Lima. Logo apos o nascimento, José Maria é entregue aos cuidados de uma, em Vila do Conde, onde é baptizado. 

Aos 17 anos partira para Coimbra matriculando-se em direito. So depois de terminado o curso vivera com progenitores, em Lisboa, para onde seu pai havia sido transferido. As circunstancias do nascimento e a rejeição da mãe são acontecimentos de grande importância e porventura os dados bibliográficos de maior destaque na sua vida, muito referidos por críticos e biógrafos. No entanto, o facto de ter sido educado sem mãe sobreleva, em muito, a circunstancia de só ter sido legitimado aos quarenta anos, por ocasião do seu casamento, em 1886.



Os anos de Coimbra (1861-1866), onde entrecruzam fortes correntes românticas e positivas, são os mais decisivos da sua formação intelectual e cívica, ao integrar uma geração que foi, no dizer do seu líder, Antero de Quental, " a primeira em Portugal que saiu decididamente e conscientemente da velha estrada da tradição." Eça de Queirós  faria mais tarde o retrato dessa geração coimbrã num texto de grande beleza forma; denominado "Antero de Quental", recolhido postumamente nas Novas Contemporâneas, onde regista os acontecimentos e descobertas culturais que fizeram a sua orientação mental e evoca o convívio com o poeta dos Sonetos.

O espirito inconformista que percorre todas as suas paginas, cronicas jornalisticas, ensaios e romances, parece radicar nesses anos de Coimbra, de que guardara visível saudade, ainda que tenha persistentemente invectivado a Universidade, chamando-lhe "madrasta amarga e carrancuda." Nao é assim de estranhar que tenha feito passar por Coimbra quase a totalidade dos protagonistas da sua novelística, que ai vem a sua própria experiencia estudantil, como Gouveia Ledesma, o Raposão, Artur, Damião, Carlos da Maia, João da Ega, Vitor, Alípio Abranhos, Teodoro, Carlos Fradique Mendes, Gonçalo Mendes Ramires, José Fernandes e Jacinto. 

Em Évora espera-o, por esse tempo, uma experiencia jornalistica de grande folego como director de um jornal de oposição ao governo, o Distrito de Évora (1867), onde poe a prova os seus dotes de escritor. Uma viagem ao Oriente (Out.1869 - Jan. 1870), Malta, Egipto e Terra Santa, permite-lhe assistir a inauguração do canal do Suez e introduz nos seus horizontes culturais, ainda romanísticos, novas realidades que virão a alterar a sua escrita. Esta viagem ira fornecer-lhe matéria abundante para O Mistério da Estrada de Sintra, romance folhetinesco de mistério, partilhado com Ramalho Ortigao. Sera também o motivo fundamental de uma obra póstuma, O Egipto, Notas de Viagem (1926) inspirando, ainda, de maneira essencial um dos seus romances mais conseguidos, A Relíquia (1887).

Seguir-se-a uma nova experiência, de 6 meses, de frutuosas consequências, sua passagem por Leiria, como Administrador do Concelho. Esse observatório social da vida provinciana dar-lhe-a matéria para o primeiro romance realista português, O Crime do Padre Amaro, que surge 5 anos mais tarde, em 1875).

A publicação, em 1871, de As Farpas, pequenos cadernos de sátira social, cultural e politica, ira permitir-lhe fazer pleno uso do seu talento de ironista e humorista, partilhando a escrita, ainda desta vez, com Ramalho Ortigao. A sua colaboração sera mais tarde revista e reeditada com o título de Uma Campanha Alegre (1890).




Referencias bibliográficas:

De Lima, I. P. presid. Couto, J. (200). Eça de Queirós, marcos bibliográficos literários (1845-1900). Instituto Camões. 

por Mocumbi.

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