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Apresentação do Livro "Espiritualidade Poética" de Joel Caetano e Jeconias Mocumbe

 





1. *Introdução*



"Espiritualidade Poética" é um livro de co-autoria de Joel Caetano e Jeconias Mocumbe. Com 40 poemas que constituem o livro, essa obra poética está organizada em 4 (quatro) partes fundamentais:


1a - *Pedaços de versos ao acaso* (10 poemas);


2a - *Amor e Desalento* (10 poemas);


3a - *Atalhos* (10 poemas);


4a - *Dialéctica* (10 poemas).


Cada parte do livro tem 10 poemas e ao todo são 40 poemas que constituem a obra.


O livro sai pela *Editora Kulera*, uma editora moçambicana nova no mercado editorial e já publicou 10 livros, incluindo este em ênfase.


Esta obra que tem 64 páginas teve a revisão de Hélder Augusto, design gráfico de José Cumbana e Amândio Afonso,  ilustração de João Timane e o seu editor chama-se Emílio Cossa.


Pelo título, *"Espiritualidade Poética "* parece ser um livro didáctico, que vem para ensinar a olhar para o grau de espiritualidade de cada sujeito poético. Contudo, é praticamente uma resposta a irmandade que Moçambique e Angola vem tendo, como reforça Joel Caetano, um dos autores deste livro:


"Pensámos neste projecto pela dinâmica que a Literatura Moçambicana e Angolana tem marcado actualmente, com o surgimento de movimentos literários...

...Moçambique e Angola têm uma afinidade no que a instituição literária diz respeito."


No fim desta parte introdutória, importa realçar que, para Jeconias Mocumbe, este é o seu livro de estreia e, para Joel Caetano, esta obra é o seu terceiro livro, tendo já publicado em 2017 e 2019 duas obras literárias.




2. *Descodificação do título do livro: as noções de "espírito" e "poética"*



O alicerce da obra é suportado ou revestido por um título cujo teor nos remete ao cosmo e à metafísica.


Obedecendo ao plano metodológico: falemos de "Espiritualidade" para chegarmos à "poética" para sabermos, de uma só vez, o sentido real da expressão "Espiritualidade Poética" .


Então, o que pode se entender por "Espiritualidade"? 

Os Dicionários de Língua Portuguesa são unânimes ao afirmarem que é "a qualidade daquilo que é espiritual, que é relativo ao espírito". Fiquemos com a palavra "espírito", como sendo a chave do termo inicial. O que é mesmo essa coisa chamada "espírito"? 


O conceito de *espírito* propõe-nos diversos sentidos, como "entidade sobrenatural, como os anjos e demónios" , como "vida, ânimo, sopro, inteligência, imaginação, etc.). É, como Daúde Amade reforça, no prefácio deste livro:


"Esta ideia de espírito deriva duma concepção grega que foi largamente difundida pelos tempos, a ideia de que o espírito é o sopro animador do Homem."


Por sua vez, para falar de *Poética* , podemos levar todo dia para discutir em torno dele. É que "Poética" tornou-se numa disciplina de concentração muito séria, uma escola, onde muitos estudiosos da Literatura, da Poesia, em particular, se congregam.


Contudo, trago aqui, sucintamente, uma perspectiva de *Aristóteles* no seu livro *POÉTICA* . "Poética" está relacionada a Poesia. Aristóteles desenvolve nos primeiros capítulos o conceito de poesia, pelas suas notas fundamentais; e resultando ser ela "imitação de acção" , praticada mediante a linguagem, a harmonia e o ritmo, ou só por dois destes meios, divide as espécies de poesia pelas qualidades dos indivíduos que praticam a acção (objecto), do meio por que se imita e do modo como se imita; e essas espécies vêm a ser: ditirambo, nomo, comédia, tragédia, epopeia...


Ainda sobre a *Poética* , vamos fazer uma ponte com o *Dicionário de Termos Literários* de Massaud Moisés. Essa palavra é semanticamente instável, vincula-se, pela etimologia e por natureza, à *Poesia*. E falando em poesia, o mesmo Dicionário nos remete, logo no intróito, à ideia de mimese ou imitação já anunciado anteriormente.


Na *Arte Poética* , Horácio substitui as preocupações epistemológicas dos filósofos helénicos por outras de natureza ética: deleitar e comover seriam as metas dos poetas.


No texto grego da Poética figura a acção a imitar e a acção imitativa: o mito e a fábula. O mito (tradicional) seria, portanto, a matéria prima que o poeta transformará em fábula (trágica), elaborando-a conformemente às leis de verosimilhança e necessidade. Por consequência, o mito pertenceria à história e a fábula à poesia, que é coisa mais filosófica do que a história.


Portanto, depois deste pequeno enredo, podemos inferir que, "Espiritualidade Poética", é a manifestação e imaginação do poeta no processo de construção poética, narrando o poeta os acontecimentos, seja na própria pessoa, seja por intermédio de outras, ou representando as personagens a acção de imitar e agindo elas mesmas, ou representando a natureza e o meio através da linguagem, elemento fundamental da poesia desde o século XVIII até os dias de hoje.




3. *Portanto, nesta apresentação, há necessidade de análise e interpretação dos poemas deste livro?*



Segundo Aguiar e Silva, no seu livro *Teoria da Literatura*, para que haja comunicação literária, é necessário que haja Autor, Obra e Leitor, codificado em *Emissor + Mensagem + Receptor* .


Nisto, quero dizer que não cabe ao apresentador do livro falar tudo sobre a obra, quero deixar também espaço para o público-leitor LER este livro e fazer sua própria recensão crítica.

Joel Caetano e Jeconias Mocumbe são os *emissores*, *" Espiritualidade Poética"* é a *mensagem* e nós os outros somos os *receptores*. 


Dizem que os livros não se apresentam, falando deles aos outros, pois eles apresentam-se aos leitores quando estes lêem (os tais leitores), e os mesmos vão preenchendo os espaços vazios.


Todavia, importa dizer que, o sentido válido de uma obra poética há-de analisar-se pelo seu intrínseco lastro lírico. E o seu conteúdo compromete-se com a viva circunstancialidade que caracteriza e define o poeta, a obra e o seu tempo. Que se identifica na atmosfera psicológica.


Joel Caetano e Jeconias Mocumbe chamam as coisas pelos nomes, conferindo-lhes sempre o peso de alguma coisa. E dessa coisificação é que os verdadeiros poetas fazem o seu labor. Mas um labor estético.


Estes dois poetas assumem-se neste livro, só para emprestar a expressão de José Craveirinha, "grandiosos deuses humildes da palavra" , com um linearismo de sintaxe que é a contensão do ritmo em que a poesia deste livro não exorbita de um estilo sóbrio mas simultaneamente é um luxo natural.


Para terminar esta apresentação, podemos dar o seguinte epílogo:


*"Espiritualidade Poética" é um livro que revela a estética e a expressão dos conteúdos da imaginação por meio de metáforas ou palavras polivalentes.


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O apresentador do livro,

João Baptista

(jbaptistaj4@gmail.com)

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