A promiscuidade é a nova empresa em ascensão. Aliás, é a actual empresa licenciada e registrada, ostentando um robusto efectivo económico. Já vi fulanos e fulanas sem obesas bagagens acadêmicas, mas com as costas arqueadas, alardeando o peso das expectativas. No centro de recrutamento, não eram currículos que encharcavam suas vestes, mas chuvas de ilusão. Espantoso foi aquele processo de selecção, pois nenhum vagão do sinistro comboio ficou para trás! Apenas ajustaram as bainhas das volumosas saias, os decotes obsoletos, as pregas na pele dos seus currículos. Meu Deus, nunca foi tão fácil conseguir uma oportunidade de emprego!
Da empresa Promiscuidade, um dia me abordou um funcionário impetuoso, atirando-me palavras obscenas como se fossem um convite dourado. A proposta? Uma espetacular vantagem moribunda: "a moralidade sexual, a ética social e o modernismo". Oxalá! Quis tanto sentir na pele os laivos do gemer, os arroubos e a penetração dessa grande engrenagem. Mas, infelizmente, meu corpo não respondeu à avareza desse convite!
A promiscuidade é uma autêntica empresa licenciada e registrada, que diariamente deposita sua esmola generosa ao mendigo Economia. Os funcionários recebem seus Mapaga Bem pelos excelentes serviços prestados, contribuindo para a produtividade da empresa a cada milésimo de segundo—e de gemido. Às vezes, em silêncio. São discretos, comunicativos e, sobretudo, têm uma impecável aptidão física. Já os espreitei pela janela do vilarejo, nas avenidas obscuras que enamoram a calada da noite!
Da empresa Promiscuidade, já me interceptou até o ilustre Gestor de Recursos Humanos, galopando rumo ao bazar. O que soube no dia seguinte foi assombroso: exonerara os comerciantes do bazar para alistá-los no comércio formal da venda dos produtos do monumento sagrado. Por recusar-me a adquirir um acessório falecido, chamaram-me pão-duro, unha de fome, agarrado. E eu? Apenas não quis financiar o estoque do necrotério!
A promiscuidade é uma empresa erguida sobre labirintos obscuros. Ainda me lembro dos espasmos de 2019. Não foi COVID-19. Foram espasmos de uma passeata inocente pelas avenidas de Nelspruit, na África do Sul. Espasmos que perfuraram meus tímpanos quando uma fulana cantarolava, em tom fugaz:
“Sya tsenguissa, buya hu to tsenga, sya tsenguissa.”
(Vendemos, venha comprar. Vendemos.)
O perfume do álcool inalado, a pólvora das drogas—tudo isso era gatilho para as vendas!
Não poderia esquecer também do programa exibido na TV em 10/03/2025, sob o lema: "Feira de Saberes e Sabores". E de fato foi. Sob o azarado gazebo, algumas fulanas não desperdiçaram um milésimo de segundo para exporem os "saberes e sabores" dos seus sublimes serviços. Confiante, a representante da equipe sussurrava ao microfone da repórter—trajada como um corpo de viola, sem noção do quanto lhe renderia aquela exuberância:
"Vendo-me! Tá 500, 300, 200, 100... até 50 Meticais! Venha me provar, estou à disposição!"
Da empresa Promiscuidade, também há devaneios e desassossegos nunca desvendados: lares em destroços, DTS na montra, colapso da ética e da moral.
E assim o mercado prospera.
Revisão: Ivan Tembe
Autor: Xituculuana
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