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A mostrar mensagens de janeiro, 2020

Poemas de Luís Amaro

Poema dos 20 anos a Reinado Ferreira Uma sombra passou na noite morta, ausente, indifinida, vindo ficar depois a minha porta, dentro da minha vica. é a lembrança dum sonho que sonhei la muito longe, incerto, envolto em brumas que chorando, amei perdido no deserto. no deserto perdido, entre fantasmas, só, na noite antiga e fria… nada mais resta do que cinza e pó da sua melodia. que lembrança triste me trouxeste, ó sombra vaga… confunde o teu perfil na noite agreste, a ver se enfim a minha dor se apaga! 23/VIII/47 A José Régio Na alta luz tao pura dos versos que deixaste procuro a voz que em mim, informulada, existe. procuro a voz das coisas da noite, ao abandono, quando o silencio oprime esta morada obscura ou alma, ser, deserto onde não chega nunca o Deus que nos teus ritmos presente esta. entanto a sede permanece, oculta, sufocada na teia que nos prende a vastidão dos dias… Dez.,1971

Poemas de Luís Nhazilo (O poeta Sobrevivente)

                1.         1.         Sexo tem que ter sexo para existir Ofereço rosas, vivo loucuras, janto, farto-me de carnes, poemas, da mulher que, sem preconceito, me suga o sexo da alma. O sexo é outra maneira de saudar nossos antepassados. De todos poemas que li dessa gente, só me interessei pelo seu silêncio. A pergunta que não quer calar, quanto tempo se   leva para se desvendar o silêncio do sexo dessa gente?! O papel não precisa de sexo para sentir a poesia entre suas pernas. Talvez pense sobre "suas pernas" como se não tivesse, conclua como quiser, não é da minha conta, pelo menos te fiz pensar.   2. A leitura ou lei'dura?! Lia antes de saber ler, lia como quem não soubesse, mas mesmo assim, lia como se fosse Juiz de algum livro lido. Lia porque podia ser eu, nascer sem saber do que sabia. Lia porque podia ler sem saber, rir do idiota que eu era, por ler o que não lia. A leitur

Poemas de Odjoh Molotov II

Vôo 97 Procurei ouvir de ti naquela Love Song O tapete voava pelas alturas e estávamos à sós De madrugada te cobria com o meu lençol À espera que amanhecesse e fosses o meu sol Mas amanheceu e acordei do sonho longínquo Tu és um clássico de cinema, nossa novela terminou no início Era tão mágico, tão terno, para descrever não havia termo Promessas de um eterno que tiveram término Uma nave que despencou sobre ganeira Um cintilar que limiou sem maneiras A ouvir um fim a falar suas profecias Como um poema dito sem poesia Destroços de um vôo mal concebido sobre solos Sóis idos em reflexão à volta do abandono Um coração ficou vazio, uma alma perdeu seu brilho Sussurros de dependência,   lá se foi o brio Fragmentos de uma devoção plena ao amor Que ao ir apanhar ar pela janela se foi Sem cartas de despedida, levou seu talismã Uma estima que paga guerra, um íntimo talibã Precisava Dormir Precisava dormir Mas não podia semti

Poemas de Pré destinada

Quero-te, meu chão Põe minha bunda na tua mão Deixe-te sugar, meu cão. Plantaremos muitos nós em mim, Quando na parede soar o "Mi" Do meu corpo viola Em teu céu que rebola Ai saberás o quanto Quero-te! Ha mistério nos teus olhos Acendem a magia Provocam a mania Provam que há ciência além do toque Há mistério nos teus olhos Crus Negros   E nuz ... Há simpatia no teu olhar Sei lá, Talvez tamanha nostalgia Há sabor no teu olhar.   Pré destinada Poetisa e escritora Moçambicana

na mão dos meliantes de Alerto Bia

de lado de fora do bar, a lua infla as nuvens de luz. paito bebeu até meia noite. desce pelo atalho, para evitar a chatice da última hora, com os pés a badalar para lá e para cá, o medo a pulsar no peito. a sombra persegue-o como um meliante quando desemboca na rua larga, que serve como espinha dorsal do bairro depara-se com dois meliantes. sustem os passos, pronto a empreender uma fuga, debalde. é lhe interdito a intenção com um berro estridente «hei, parado. nem ouses em gritar» o breu do álcool desvanece. paito, vê o brilho da lâmina da catana, estremece. um infortúnio, paito reconhece um dos meliantes «ventura, és tu» diz paito tomado pela vergonha, ventura fica com a cabeça curvada para baixo como um girassol no pôr do sol. os dois meliante sentem-se embaraçados com o reconhecimento de ventura. ventura faz um gesto de passar o indicador pelo pescoço, dá sentença para exterminar o paito, para que não abra a boca «ventura, não tem vergonha fazer isso comigo»

Se eu voltar novamente matem-me! de MARIA RAUFA

Matem-me com a força motriz. Matem-me como se estivessem lavrando a mente daqueles doentes absolutamente inconscientes. Matem-me como se estivessem esmagando as verdadeiras provas de que este mundo é um verdadeiro caos onde residem seres ligeiramente hipócritas, filhos da mãe. Seria burrice minha continuar a mergulhar na insensatez humana. Entrar no mecanismo que se intitula racional em cada ventilar estético que cega os olhos deste mundo surdo e mudo. Quando a morte alia-se ao vento é como o sol e a lua a morrem. Renascem e conjugam-se constantemente no ondular da vida e, a amizade infinita é o ar que respiro/ expiro. Saudei a morte pela primeira vez quando abandonei o peito da minha mãe e inspirei os odores da vida. Inda saudei a frieza daqueles homens que depois de libertar o meu povo foram diluídos em espírito de inveja e ganância. E morri. Nos olhos dos outros quando vi o meu vizinho matando a sua esposa, grande marxista vestindo seu slogan " onde há galo não canta ga