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Mensagens

...“cresceram sem poemas e prosas/ atrás de bois a puxarem carroças”...

 Estou na Cidade de Xai-Xai, onde moro há quase 10 anos. Daqui onde pouso o corpo, consigo contemplar o azul do mar, o cheiro forte do sal, e o som miúdo das ondas, fazendo cócegas ao tempo. E as árvores abanam as cabeças como se concordassem com alguma coisa. Talvez este clima de pássaros e pedras no horizonte, o brilho indelével das algas perto da espuma, não de água, mas de uma entidade marinha que só esta praia tem. Digo, as mil mulheres caminhando como cavalos, os pés esculpidos à carne, tacteando a areia fina, que lembra barcos fora do poema. Não estou sozinho, quase nunca estou só, embora precise de um momento para ler um livro ou escrever uma biata de verso, nunca é possível, tenho amigos que já se tornaram irmãos. E é com eles que divido a luz que teço nesta tarde de puro sol. E mais que estar acompanhado por pessoas, tenho, não ao meu lado, mas dentro de mim, a nova música de Dynâmico El Capitine, uma espécie de quem tem o sangue a circular em suas veias, ou um fumo que sopra

MOSTRE-NOS O SEU TALENTO!

  Pela celebração do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, temos dois livros para oferecer às duas pessoas que se revelarem mais criativas neste passatempo. Você está pronto para ser o(a) vencedor(a)? Então presta atenção à regra:   ESCOLHA UM VERSO DESTE POEMA E CRIA UM TEXTO OU MESMO UM POEMA COM AS SUAS PALAVRAS (MÁXIMO 50 PALAVRAS)   "Tão discreta, tão frágil, tão efémera, assim me encanta e me comove esta límpida alegria, tão leve, tão clara, nascendo flor de jacarandá, tão frágil e discreta.   (…)   Explosão de leveza e claridade do céu em busca de nova tonalidade.   Um céu em miniatura e filigrana de lilás – obra de um deus mensurável."   Fernando Leite Couto Excerto do poema Jacarandá, 1984   É FÁCIL NÃO É? VAMOS CRIAR E ESPALHAR TALENTO! DIZ MUITO COM POUCAS PALAVRAS. (MÁXIMO 50 PALAVRAS) *O texto tem de ser colocado nos comentários na página do Facebook da Fundação Fernando Leite Couto*   Passatempo válido somente para Moçambique até às 23h59 do dia 23 de Ab

Prelúdio pós mortem em (de) R(apper) maior

  Por Zeferino Ngoenha.  Em Janeiro escrevemos a vida post mortem de Cabral, em Fevereiro a vida post mortem de Mondlane, em Março o réquiem em bro (Carlos Carvalho) maior, em Abril, vistas as mórbidas circunstâncias, estávamos para salmodiar um réquiem em R(apper) maior. Porém, a – ainda curta – vida post mortem de Azagaia (que desnuda as contradições da nossa sociedade e as dissonâncias graves entre o povo e o seu governo) está a suplantar a sua existência histórica. No cerne dos acontecimentos em torno do seu falecimento e da celebração da sua vida, está subjacente um debate ligado à busca da verdade e da justiça. Infelizmente a filosofia chega sempre tarde (...), ela aparece no tempo depois que a realidade completou o seu processo de formação (Hegel). No processo de compreensão da condição histórica, as artes chegam primeiro: Homero antes de Platão, Langston Hughes antes de Alain Locke (Black Renaissance), Césaire antes de Hountondji ou Craveirinha antes de Castiano. Mas as artes i

CABEÇA NA LUA: o Degrau Primário de Polimento dos Sentidos da Arte

  «Andas com a cabeça a roçar os céus, Miguel» disse o professor enquanto tentava enclavinhar os ombros e os papéis grisalhos entre o canto da sala e a onda fina da chapa de zinco. Havia chuva sobre o tecto e o chão ensopava-se convulsivamente. «Tenho uma estrela… uma, duas, três…E brinco com elas uma de cada vez» retorquiu ele ainda naquele jeito evasivo de meninice. «Isso ¬é poesia…e tu não vais continuar a brincar os versos». Contestou o professor maravilhado e enternecido. Faltava a intimidade – uma coisa de difícil achar entre um poeta e um vulgar [termo que ele mesmo, em contextos de ensino de aulas de literatura empregava para designar a todo Ser destituído de sensibilidade artística. Sim. Chamava ele de VULGAR. Para ele um Ser humano tinha que ser poeta e/ou viver à poesia. Bastava-lhe isso só para fiar uma conversa…uma conversa sem rabugices]. O meio já não permitia para continuar com as abrangências. E socorreram-se eles naquele canto para desferir aquilo que comummente se ch

Mais um infortúnio

Ainda no meio das incertezas sobre o desaparecimento físico do Azagaia, o terror volta a bater de frente com a miséria dos Moçambicanos. Sem mais e menos, a televisão, as redes sociais, as chamadas telefónicas, os grupos das redes sociais, de forma inequívoca anunciam mais um outro infortúnio. Desta vez, é o Muzaia, um actor e humorista de grande importância na praça que deixa de fazer parte dos vivos neste Sábado do dia 11 de Março. Os moçambicanos andam desolados e perdidos. Pedem a Deus uma salvação. É tanta coisa para assimilar neste curto espaço do tempo. O blog Tindzila endereça um tento abraço aos familiares do malogro e eterna paz ao falecido.

EU BEBEU SURUMA DOS TEUS ÓLHO ANA MARIA

    por Nelson Saúte   XICUEMBO   eu bebeu suruma dos teus ólho Ana Maria eu bebeu suruma e ficou mesmo maluco   agora eu quere dormir quere comer mas não pode mais dormir mas não pode mais comer   suruma dos teus ólho Ana Maria matou socego no meu coração oh matou socego no meu coração   eu bebeu suruma oh suruma suruma dos teus ólho Ana Maria com meu todo vontade com meu todo coração   e agora Ana Maria minhamor eu não pode mais viver eu não pode mais saber que meu Ana Maria minha amor é mulher de todo gente é mulher de todo gente todo gente todo gente   menos meu minha amor   Rui Nogar     O Poeta Rui Nogar, um dos mais insignes nomes da poesia moçambicana, pseudónimo de Francisco Rui Moniz Barreto, nascido em Maputo a 2 de Fevereiro de 1932, morreu, aos 61 anos, a 11 de Março de 1993, em Lisboa, passam hoje 30 anos. Quase sempre esquecido, como estão esquecidos uma data de nomes e figuras importantes da nossa cultura, esta é uma daquelas personagens literárias por quem cultivo, sem

Vigília em memória ao AZAGAIA

  Azagaia é um proeminente Rap nacional de intervenção social. Em vida, Azagaia foi conhecido como um Rapper que batia de frente o sistema moçambicano, acto que lhe permitiu gracejar admiração em diversas camadas sociais.  A sua luta sempre foi a causa do povo.  Nas suas diversas composições, o povo, mormente oprimido, era a sua fonte de inspiração e luta. Em função do reconhecimento do heroísmo desta figura do povo, o povo de Inhambane, compadecido com a perda, vai realizar uma vigília no início da noite de hoje, 11 de Março. A concentração será na Prancha, próximo a Casa do Governador. A vigília decorre como preparativo da marcha nacional a ser realizada no dia 18, em virtude desta perda de todos nós. Para participar da vigília que vai acontecer a partir das 18horas de hoje, os participantes devem trajar uma camisa BRANCA OU PRETA e trazerem consigo uma VELA. #POVONOPODER Para mais informações: +258 84 442 9250