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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2025

Carta ao M. d'Castro

  Maxixe, Julho de 2025 Meu caro poeta Mafenane de Castro, ou Mandove, como entre os da churchen te nomeávamos com afecto e admiração. É com alegria, embora permeada de nostalgia, que respondo à tua carta, uma carta que me chegou como sopro de alma, como se as palavras tivessem atravessado os campos secos da ausência para florescer, de novo, entre as margens da memória e da poesia. Partiu-me o coração, confesso, o teu afastamento. Não por egoísmo, mas porque eras parte essencial da tessitura do nosso grupo. O teu silêncio não foi apenas ausência foi como se a melodia tivesse perdido uma das suas notas centrais. A pastoral, sem ti, parecia ofício sem incenso, missa sem liturgia. Tu eras, e ainda és, presença poética. Um daqueles raros seres que, antes de escrever poesia, a encarnam. Por isso, ainda que ausente, continuámos a sentir-te em tudo. Mas a vida segue mesmo quando não devia. E foi necessário aprender a normalizar o que não era, de modo algum, normal. Gostaria, n...

Uma viagem pela obra "NO DORSO DA SOMBRA" da Hera de Jesus - Michael Nivorocha

Gostaria de começar com a enigmática frase: "Não se explica um poema." O poema, na sua essência, é algo surreal, nostálgico, único e sensacional, que embala o leitor e provoca lágrimas. Neste livro de poesia, intitulado "NO DORSO DA SOMBRA" de HERA DE JESUS, sou levado a fugir dessa tradição habitual, indo contra o que diz o adágio popular. Aqui, não há apenas a expressão de dor, angústia, agonia e paz. Há silêncio, reflexões e perguntas que o tempo se cansou de esconder, mas que hoje clamam por respostas. "NO DORSO DA SOMBRA" é uma coletânea de poemas da poetisa HERA DE JESUS. Nesta obra, a autora levanta a voz não apenas para chorar os males que afetam o gênero feminino, mas também para dar voz aos que estão ocultos em cada olhar, silêncio e solidão. A dor marca o ponto de partida, onde memórias adormecidas insistem em clamar, e o silêncio se torna verdade, secando as lágrimas. A obra continua com a denúncia, onde os "açoites das palavras" não ...

Zacarias Nguenha vence o 7º Prémio Literário Fernando Leite Couto com “Costurar a Linguagem”

O jovem escritor Zacarias Lucas Lázaro Nguenha, de 31 anos, natural da província de Manica, foi consagrado vencedor do 7º Prémio Literário Fernando Leite Couto , edição 2025, com a obra inédita “Costurar a Linguagem” , no género de poesia. A cerimónia de anúncio decorreu na noite desta quinta-feira, 17 de julho, na sede da Fundação Fernando Leite Couto , em Maputo. A decisão do júri, presidido pelo investigador e crítico Matteo Angius, destacou a originalidade e maturidade da escrita de Zacarias Nguenha, sublinhando que: “Costurar a Linguagem associa de forma apelativa os elementos universais que vêm ganhando uma dimensão nova da linguagem poética, explorada como matéria viva construída, criando uma poesia ao mesmo tempo física e abstracta. Trata-se de um trabalho com ritmos e significação que revela domínio técnico e elevada maturidade da escrita.” O júri foi ainda composto pelo poeta Álvaro Taruma e pela professora e poetisa Lica Sebastião , que elogiaram o autor pela qualidad...

“As Coisas do Morto”, de Francisco Guita Jr., lançado em Maputo

Terá lugar na Quinta-feira, dia 31 de Julho, pelas 17h30, na galeria do Camões — Centro Cultural Português em Maputo, o lançamento do livro “As Coisas do Morto”, do poeta Francisco Guita Jr. O livro será apresentado pelo professor Arthur Minzo e a actriz Lucrécia Paco fará leituras de excertos do livro.   A obra poética “As Coisas do Morto”, finalista do Prémio Literário Mia Couto 2025, é composto por 69 textos estruturados em fragmentos numerados e 88 páginas.   Segundo o escritor Pedro Pereira Lopes, editor da Gala-Gala, o livro “parte da dialéctica entre a vida e a morte, não como polos opostos, mas como estados intrinsecamente conectados, onde a finitude da experiência terrena projecta a urgência do sentir e do viver. Guita Jr. questiona a própria noção de tempo e permanência, utilizando a imagem recorrente da gaveta como um repositório de fragmentos de vida — memórias, objectos simbólicos, escolhas e silêncios — que coexistem e se desdobram em diferentes tempora...