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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2025

A ESTRADA VERMELHA

Todas as estradas são feitas de alcatrão e alguns litros consideráveis de sangue. É necessário jorrar sangue, sangue e mais sangue para trilhar a estrada da vida, que desagua no mar de fantasmas: a morte. É por isso que os artesãos desta existência tecem, todos os dias, esteiras com fios de lágrimas.   As estradas de alcatrão ferem-nos a pele com a sua fúria, desenhando-nos tatuagens de traumas e cicatrizes como as que infestam a vida do povo com chicotadas de chacinas, fome e miséria, paridas pelos senhores governantes.   Nenhuma estrada de alcatrão é leve, muito menos a EN1. A EN1 que, segundos antes das 19 horas do dia 28 de Dezembro de 2024, em Mapinhane, podia ao menos ter sussurrado ao ouvido daquele jovem motorista para nunca estacionar no acostamento à espera do Anjo da Morte. Assim, talvez não se tornasse refeição bem confeccionada: aquele molho de tripas acompanhado por uma papa vermelha, com sobremesa de pernas e orelhas amputadas, servidas sobre a mesa de...

5 poemas do livro "O POUSO DO CASCO" de Lino Mukurruza

  Com o objectivo de promover a leitura e incentivar a busca por obras de autores moçambicanos, criamos este espaço especial, no blog, denominado “EU LEIO A MALTA” e que serve como um espaço de encontros onde se almeja compartilhar reflexões sobre algumas as leituras feitas ou excertos de alguns livros, e para o dia de hoje, partilhamos o “O POUSO DO CASCO” de Lino Mukurruza, edição portuguesa, Húmus e colecção 12catorzebold.   Lino Mukurruza apresenta em “ O Pouso do Casco” uma poética profundamente visceral, repleta de imagens densas e complexas. Seus versos manobram as palavras com uma liberdade que desafia convencções, criando uma "linguagem ludibriada" que é, ao mesmo tempo, provocativa e inovadora. A poesia reflecte sobre a condição humana com intensidade, muitas vezes tangendo temas como dor, memória, e a busca de sentido em meio ao caos existencial. O primeiro poema, dos 05 aqui selecionados, mergulha na recriação de um corpo opaco em contraste com a luz do dia...

Os nossos feitiços de Virgilia Ferrao

Por:  Zaiby Manasse Nunca andei numa montanha-russa, mas imagino que a sensação seja semelhante à experiência de ler este livro. Começa devagar, a subida é lenta e ritmada, até que atinge o ponto mais alto. E, de repente, a aventura deslancha. A velocidade aumenta de tal forma que, mesmo que se deseje parar, não é possível. Só há uma maneira de terminar: chegar ao fim da linha. Este livro inicia-se de forma tímida, quase como quem não quer nada. Porém, à medida que avança, evolui de forma tão magistral que, a partir de determinado momento, torna-se impossível largá-lo. Um pouco depois da metade, a história atinge um ritmo tão frenético que me vi obrigado a tentar pausar a leitura. Guardava o livro por alguns segundos para recuperar o fôlego, mas logo retomava, incapaz de resistir ao feitiço das suas páginas. Os capítulos curtos, a linguagem simples e acessível, e o tema cativante são os ingredientes que fazem desta obra uma verdadeira maravilha. É a segunda vez que leio Virgília Fe...

05 Poemas do livro O prazer ao chorar, de Whaskety Fernando

    Com o objectivo de promover a leitura e incentivar a busca por obras de autores moçambicanos, criamos este espaço especial, no blog, denominado “EU LEIO A MALTA” e que servirá, nos próximos dias, como ponto de encontro para compartilhar reflexões sobre algumas dessas leituras ou excertos de alguns livros. Para dar início a esta jornada, destacamos 05 poemas do livro O prazer ao chorar , de Whaskety Fernando, publicado pela Fundza no âmbito da 3ª Chamada Literária Fundza 2023/2024.   O livro O prazer ao chorar , de Whaskety Fernando, reúne poemas que exploram os dilemas da existência humana, os ciclos da vida, e as conexões entre o indivíduo e a natureza. Em linguagem lírica e simbólica, o autor reflecte sobre temas como a dor, a esperança, a identidade e o tempo.       1.   Quantas madrugadas eu cantei antes do galo cantar o sol e o dia a nascerem novos no mar antigo de sangue. E noites, quantas   eu chorei no d...

Pedro Pereira Lopes vence o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura 2024

O escritor moçambicano Pedro Pereira Lopes foi distinguido com o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura 2024 pela sua obra “Tratado das Coisas Sensíveis” . Este prestigiado prémio literário, instituído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), tem como objetivo promover a literatura de língua portuguesa, reconhecendo obras de autores que se destacam pela excelência e originalidade. Além da consagração de Pedro Pereira Lopes, a obra “A Vocação Nómada das Cidades” , de autoria de André Craveiro, recebeu uma Menção Honrosa . Sobre o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura O Prémio, em homenagem a Vasco Graça Moura, figura incontornável da literatura portuguesa, destina-se a premiar obras inéditas no âmbito da poesia, ensaio ou ficção. Além de prestigiar autores de língua portuguesa, o concurso visa estimular a criação literária e assegurar a publicação e promoção das obras premiadas. As candidaturas são abertas a autores de qualquer nacionalidade, desde que os trabalhos sejam a...