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“Memory of Departure” de Abdulrzak Gurnah e a identidade africana em questão

“Uma fronteira existe justamente para ser cruzada” (Achile Membembe) Antes de mais gostava de deixar claro que ainda continuo a espera que o mwalimu Ngugi Wa Thiong’o, autor do livro Matigari (ainda está disponível nas livrarias moçambicanas) seja vencedor do prémio nóbel da literatura. Será uma grande injustiça se tal facto não acontecer. Entretanto, o facto do nóbel da literatura ter sido a um escritor não muito conhecido levanta enormes debates e posições, por um lado, pela sua imprevisibilidade e por outro, porque cresce um esforço de afastá-lo de suas origens.   Há 8 anos que concentrei a minha atenção ao pensamento africano. Basicamente ocupo 70% das minhas leituras a autores africanos, o que tem sido um momento de descoberta e reencontro comigo mesmo. Há dois anos tive a oportunidade de ler numa casa de hóspedes na Ilha de Moçambique, o livro “Memory of Departure” da autoria de Abdulrazak Gurnah.  Havia muitos livros na casa, mas este despertou-me por ter visto na biografia do a

O NELSON SAÚTE ESTÁ TOTALMENTE EQUIVOCADO

  Por : Cri O facto de Abdulrazak Gurnah ter feito a vida dele no Reino Unido, não lhe tira a africanidade, tal como Eusébio nunca deixou de ser moçambicano, por mais que este último tivesse pouco incentivo (da sua própria intelectualidade e da nação que o acolheu) para expressar com frequência, a ligação que sentia com Moçambique.   Por palavras suas, Gurnah diz ter chegado ao Reino Unido em circunstâncias quase que similares às que se submetem os africanos que chegam à Europa de barco, hoje em dia. Veio para o Reino Unido com o irmão, numa viagem que ele próprio chama de “pura aventura”. Gurnah tinha 18 anos e o irmão 20.  Quando os dois jovens decidiram rumar para a Europa, a familia toda (a raíz) ficou em Zanzibar.  Durante anos, Gurnah visitou Zanzibar.  Gurnah é perito em assuntos sobre refugiados, a condição precária do imigrante no ocidente, matérias que têm a ver com os períodos colonial e poós-colonial.  Escreveu cerca de 10 romances; na maior parte deles, descreve a costa le

Mudando de assunto

  Por: Elísio Macamo Fico contente quando um africano brilha. Abdulrazak Gurnah acaba de brilhar com a conquista do Prémio Nobel de Literatura. A minha alegria tem pouco a ver com a solidariedade “cultural”. Tem muito a ver com a impressão que causa em mim ver alguém que se formou como pessoa em condições difíceis a triunfar. É isto que me dá alegria no sucesso de africanos. As condições em que o nosso continente se constituiu e, portanto, as condições em que cada um de nós se forma como pessoa são, dum modo geral, hostis. O sucesso dum africano é, para mim, sempre a celebração da condição humana, daquilo que é possível ser, apesar de tudo. Não escondo o incômodo que os Prémios Nobel de Paz e Literatura para os africanos me criam, sobretudo os da Paz. Apesar de eles documentarem a resiliência africana, eles documentam também tudo o que está errado neste mundo. Não é que não haja africanos capazes de serem bons físicos, economistas, médicos, biólogos, etc. O facto de estarem ausentes de

FREDDIE MERCURY ERA CANTOR TANZANIANO?

  por: Nelson Saúte “Abdulrazak Gurnah foi anunciado hoje como Prémio Nobel da Literatura deste ano. A Academia Sueca prossegue, nestes últimos anos, a sua estratégia disruptiva em relação aos favoritos, laureando nomes totalmente inesperados. Sabia que hoje seria anunciado o vencedor deste ano e tinha a ideia de que o mesmo pudesse ser um autor oriundo de uma zona diversa daquela que acumula mais prémios: o Ocidente. Eu diria que esse propósito não foi cabalmente cumprido. Gurnah nasceu, em 1948, no antigo Sultanato de Zanzibar e de lá saiu aos 20 anos, tendo feito a sua vida e a sua carreira no Reino Unido. É um escritor britânico. Parece-me um dislate quando se diz que se premiou um escritor tanzaniano. Quando ele nasceu, a ilha de Zanzibar nem sequer pertencia à Tanzania. Existia a Tanganyika e o Arquipélago de Zanzibar, que teve sempre um estatuto e jurisdição colonial independente. E mais: aqueles que abandonaram a ilha na sequência da revolução, quase todos, nunca se identificam

Filmes da produtora Latinidade estréia no Nordeste do Brasil

  Os filmes "Sequestros em Luanda", "Sortilégio da Paixão" e "Das dificuldades enfrentas á Vitória" (vida real de Elcione Damascena), da diretora e roteirista Aline Melo estréia dia 6 e 20 de novembro de 2021, no Recife na "República Alternativa Cultural", com direção do parceiro da produtora de Filmes Latinidade, Bruno Alves Feitosa. Endereço: rua Imperial, 775, São José/ Recife. Os filmes serão exibidos todo o dia. No dia 20 de novembro, dia da consciência NEGRA ainda haverá palestra de Bruno Alves Feitosa, doutor em Capelania, locutor e ativista social da cultura nordestina.  Todos filmes citados estão passando atualmente na plataforma cinematográfica angolana Tellas, com exibição em Toda África. Os filmes "Sequestros em Luanda" foi gravado no Brasil e Angola, com atores angolanos e brasileiros, têm 8 prêmios nacionais e internacionais é uma indicação para receber o Troféu Arte em Movimento, dia 30 de outubro, em São Paulo. Já "

Convite para o lançamento do livro "SONHAR É RESSUSCITAR" de Alerto Bia

  A Associação Cultural Tindzila, o poeta Alerto Bia, o Centro Cultural Palavra e Sol e a MEL DEL Artes têm o prazer de convidar o público-leitor e os amantes da poesia ao lançamento do livro "SONHAR É RESSUSCITAR" de Alerto Bia, que terá lugar no Centro Cultural Palavra e Sol - Inharrime_ Inhambane, sábado 09 de Outubro de 2021, pelas 14:30 Hrs. A apresentação do livro será feita por Harani João Mahalambe. Sobre o livro Pelo título, parece-nos que Alerto Bia quer fazer um apelo ao sonho. A metáfora "Sonhar é ressuscitar" é que transmite ao leitor essa ideia de "convite ao sonho". Este "Sonhar é ressuscitar" ressuscita novamente com o poeta Alerto, depois do "sono profundo" que ele teve desde o primeiro lançamento da mesma obra em 25 de Novembro de 2016. Nas vésperas desse lançamento, escreveu um sujeito, em Lichinga - Niassa que "[...] noto neste diário de anotações que Alerto oferece aos amantes da poesia, um dormir infinito sobr

Prêmio Nevado de Oro recebe representante da cultura nordestina

  Prêmio Nevado de Oro está em sua 3° Edição este ano, pela primeira vez no Rio de Janeiro. A premiação criada pelo argentino Rulo Ortubia, de San Rafael chegou ao Brasil pela primeira vez em São Paulo através de Sayder e agora em 2021 no Rio de Janeiro  através da jornalista e cineasta Aline Melo já fez parte da comissão do Troféu Arte em Movimento 2018, 2019 e 2020, do Festival Iberamericano 2021, Prêmio Latinidade 2019, 2020 e 2021 e agora do Prêmio Nevado de Oro 2021. Nesta 3° edição do Prêmio entre os indicados está um representante da cultura nordestina, de Pernambuco, chamado  Bruno Alves Feitosa.  Ele é diretor da República Alternativa Cultural Recife - PE, que é uma comunidade científica de pesquisa de cunho filosófico e cultural que visa preservar a memória e o patrimônio cultural, como também divulgar e promover as tradições culturais através do intercâmbio de associações e artistas.  O objetivo é trabalhar através de um híbrido de tradições como o Jaraguá Reisado,  o cavalo