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O SONHO INFAUSTO DUMA FOLHA

 

 

Imagem by: Google.com




Era uma vez num lugar que ficava nos arredores duma grande cidade amplamente habitada, densamente povoada que fervilhava de vida.

Com a grande concentração de pessoas num só sítio, havia uma procura intensa, constante e incansável pela satisfação das inúmeras necessidades que surgiam no seu quotidiano.

A cada dia que nascia a demanda pelo bem-estar e uma vida desfrutada na sua inteira plenitude era o lema de cada residente daquela metrópole.

A única saída para suprir as inúmeras necessidades que aqueles citadinos enfrentavam, passava necessariamente pela construção de grandes empreendimentos. A construção desses empreendimentos abria espaço para que se pudesse facilmente dar cobro ou minimizar-se qualquer demanda.

Aqueles citadinos passavam por necessidades no tocante à alimentação, habitação, transporte, entre outras necessidades. Certo porém, nenhuma daquelas necessidades seria solúvel sem que tivessem que passar pela industrialização. A ser feita, ela tinha que ser em grande escala.

Desprovidos de qualquer outra alternativa e com o aumento dos habitantes daquela cidade, tornava-se urgente a adopção de estratégias que pudessem ir ao encontro das preocupações dos residentes.

Com muita urgência foram erguidas algumas fábricas.

Por causa da crescente procura, alguns princípios básicos não foram acautelados devidamente no processo da projecção e consequentemente da construção da maior parte dos empreendimentos.

O maior enfoque dos projectistas, administradores e governantes estava voltado a resolver os problemas gritantes sobre o que fazia falta. Contudo, construir parques e jardins dentro da grande cidade não fazia parte das agendas dos projectistas e construtores. O pior era que pouco valor ou mesmo nada, era feito em relação às árvores ou pequenas concentrações delas.

O ritmo que a vida levava naquela cidade nunca deveria ser posto em causa. Os hábitos dos citadinos cresciam exponencialmente em paralelo com as capacidades de imaginação e materialização das metas estabelecidas. Acompanhando a disponibilidade da mão-de-obra capacitada e à resposta tecnológica. Tudo estava ao alcance dos citadinos pronto para ir respondendo paulatinamente aos ensejos da população residente naquela metrópole.

Factores ambientais e ecológicos nunca puderam fazer parte do processo de projecção e da construção das mini, mega e giga fábricas. As pequenas e grandes fábricas eram construídas para que cada uma pudesse responder a cada problema em específico.

A resolução dos problemas que apoquentavam os citadinos da grande cidade que dia após dia se estava transformando numa gigantesca metrópole, estavam ganhando alguma sustentabilidade. Porém, a solução de alguns problemas era proporcional ao surgimento de outros problemas. Pequenos ou grandes, o certo era que se tratava de problemas emergindo.

Alguns problemas surgiam insignificantes e iam crescendo com o passar dos tempos. Negligenciados ou ignorados, se transformavam em casos bicudos de tirar o sono aos moradores. Outros manifestavam-se já gigantescos logo no seu aparecimento.

Uma das fábricas erguidas foi bem perto de um arvoredo cheio de vida e exuberância.

Uma das árvores estava bem encostada a uma daquelas árvores que fazia parte daquele arvoredo de verdor pujante. Os seus ramos roçavam com bastante frequência às paredes duras do majestoso empreendimento.

Devido a acção do vento, as folhas se agitavam incessantemente, e seus rebordos exteriores carcomiam-se desgastados pelo contacto duro e severo nas paredes rígidas do empreendimento. O limbo daquelas folhas perdia o viço, endurecia-se e ficava bastante esbranquiçado. Quando perdiam a sua forma luxuriante, as folhas mais se assemelhava a pedaços de ramos secos.

Outras folhas mais acima, livres daquele martírio, espalhavam convites aos transeuntes que passavam com frequência pelas ruas adjacentes para que pudessem repousar nas suas belas sombras.

Eram convites que não apenas se circunscreviam a desfrutar da sombra compacta, mas também era para que escutassem a sua música e ainda para que assistissem à sua dança quando fossem acariciadas pelo vento abundante.

As folhas do arvoredo estavam cheias de vida, verdor vivo e chamativo, reluziam cintilantes como diamantes. Libertando odores aromáticos, eram uma verdadeira fonte de inspiração, sossego e alegria.

Estar sob a sua sombra por vezes significava recobrar-se dos desaforos da vida. Em paralelo também significava desfrutar aprazivelmente os momentos de lazer e de relaxamento.

O espaço daquele arvoredo era bastante apreciado e frequentado pela maioria das pessoas daquela urbe que chegavam movidos pela vontade de respirar um ar bem respirável e fresco. Chegavam para deleitarem-se da frescura de uma boa sombra.

Do jeito que as coisas foram sendo feitas naquele cantinho, dava a ideia de que até aquele pequeno espaço perdia o seu valor quando fosse comparado aos sonhos e projectos dos residentes da urbe.

Alguns até admitiam que perdendo o pequeno canto que por muitos já era visto como paradisíaco era mal menor quando equiparado com o valor das infra-estruturas que seriam erguidas no seu lugar ou muito próximas dali.

Tudo corria bem e sem sobressaltos até que um dia tudo mudou. Uma linda folha brotava vistosa e muito viçosa. Suas cores, ainda tenrinha, irradiavam muita vida e boa saúde. Aos poucos aquela folha ia ganhando o verdor, a elasticidade, o brilho próprio de uma folha saudável e pronta para se exibir e dançar ao ritmo do vento circulante e acariciador.

Tudo se projectava fulgurante por aqueles dias. Enumeras razões haviam para tal: O recinto já apresentava novo aspecto, sendo de muita limpeza; as ruas que davam acesso ao local tinham sido ampliadas; gente especializada tinha sido afecta para cuidar do ambiente no local; as plantas não só contavam com a água da chuva para a irrigação, mas com sistemas automatizados para o controle da humidade do solo; entre outras acções de beneficiação naquele pedacinho de terra.

Tudo indicava que estavam criados e concluídos todos os preparativos para a entrada em funcionamento do novo e gigantesco empreendimento. Com o funcionamento a infra-estrutura contribuiria para a criação de uma nova dinâmica na vida da maior parte dos citadinos daquela urbe.

Já circulavam informações que davam conta sobre a data de inauguração do empreendimento.

Aquela folha e tantas outras preparavam-se para que de forma nobre e mestra pudessem brindar aos presentes no local com o brilho luxuriante, sombra, baile descompassado e som farfalhante propiciados pela acção do vento.

A primeira má impressão depois da cerimónia foi a de que foram pouquíssimos os participantes que tiveram o honorável zelo de cuidar do local. Muitos partiram deixando grandes sinais de falta de valorização de tudo quanto fazia parte daquele que até se devia considerar de grande monumento.

Deixaram papéis, plásticos, garrafas e outros detritos que apenas se tornavam uma mancha para aquele sítio lindo. Os mais ousados e desprovidos de vergonha e pudor, até satisfizeram das mais variadas necessidades naquele recinto restrito.

Por dias já não se podia falar de bom lugar e inspirador, mas sim de um cantinho perto da fábrica.

Quando a cerimónia de baptismo e inauguração da fábrica estava começando, foi também o momento da grande surpresa para as folhas da majestosa árvore de encantos. Foi o momento do grande desaire.

O grande responsável que orientou a cerimónia, teve que dar arranque ao processo de funcionamento do empreendimento, ligando o motor que para além de gerar toda a força motriz daquela gigantesca unidade fabril, também era ao mesmo tempo, o coração da mesma.

O motor começou a roncar, fumando sossegadamente o seu cachimbo. Expelia quantidades de fumo e alguma quantidade de calor.

Aquela folha linda e todas que estavam à volta dela e no mesmo ramo, recebia em primeiríssima mão as baforadas e infelizmente sem que tivessem a capacidade de se reposicionarem.

Aquela folha nascera para viver um ciclo por um tempo determinado. Durante o ciclo tinha uma certa missão a cumprir. O novo ambiente era bastante hostil ao cumprimento da sua missão.

Cada roncar do motor implicava mais baforadas para as folhas. Num curto espaço de tempo, todas aquelas folhas cheias de vida e beleza começaram a perder as suas forças e até o vento não conseguia reanima-las com a sua carícia devido ao peso acrescentado.

As folhas coitadas, de verde se transformavam em alaranjadas em alguns pontinhos. Basicamente ficavam com a cor preta por causa do fumo que se depositava continuamente. O calor frequente que as causticava roubava-lhes o viço, deixando-as curvadas para baixo, sem ânimo e sem esplendor.

A sua fulgência era recorrentemente usurpada pelo calor e a fuligem. A fuligem impediam que as folhas pudessem fazer livremente as trocas químicas com outros intervenientes ambientais.

Todas as folhas quase se iam expondo à mesma derrocada. Mais dias ou menos dias a sorte daquelas folhas estava se tornado incerta ou obscura.

Ouviam repetidamente e com grande desespero os operários categóricos afirmando:

- Dê mais gás para maior produção. O bem-estar dos citadinos depende do ritmo da nossa produção.

Cada aceleração do motor, implicava aceleração do período de vida daquelas folhas.

As folhas, quase sem voz, lamentavam inaudivelmente a sua sorte bastante negra, dizendo:

- Esta é a nossa pior sorte! A sorte de estarmos no lugar errado e no momento errado.

Queriam estar num outro lugar, mas a sorte do destino as tinha colocado naquele lugar. Era a mesma sorte de destino que havia determinado que não pudessem ser ouvidas gritando, mas sofrendo e morrendo por causa do mesmo destino.

Aquela folha que havia nascido linda e viçosa também teve a lamentável sorte e o infortúnio de chorar o seu destino insólito.

- Quando desabrochei e o primeiro raio de luz me tocou, senti que tinha aparecido para um mundo lindo e sereno. – Comentou a lamentar a folha.

- Olhando para as folhas que haviam desabrochado antes de mim, crescia com grande inveja de querer me tornar igual a elas. – Rematou a folha.

As folhas estavam atravessando momentos críticos. Era o seu momento de inglória depois de terem nascido na esperança de brindarem às pessoas e à terra com frescura, aroma e ar respirável.

Com aquela desgraça se acentuando dia após dia, não restava mais nada que não fosse esmorecerem, despegarem-se da ramagem e despencarem para o solo.

Aquela linda folha que ainda não tinha atingido a plenitude do seu amadurecimento como folha, a sorte dela se podia dizer que era a mais lamentável:

- Quando sentia que estava caindo na agonia porque mesmo querendo continuar a viver não estava tendo sucessos, ainda restava-me tempo e espaço para mais algum desejo – Continuou lamentando a folha a cair.

- Julgava porém, que a minha utilidade não se resumia apenas em oferecer sombra – começou aquela folha o seu discurso em momento de desespero. – Julgava ainda que podia ser útil em outras áreas de utilidade para a terra e os homens.

Eram lamúrias de uma folha que infelizmente no lugar de viver para bem servir, tinha que morrer porque inconscientemente alguém tinha determinado essa sua sorte infeliz. No lugar de oferecer os seus bons serviços, estava involuntariamente a ser empurrada para o incomum e indesejável.

Caiu desesperada e o seu rumo era determinado pala força do vento. Caiu na esperança de estrumar a terra. Com a terra estrumada, ficaria garantido que a terra ficasse mais enriquecida e pronta para gerar novas plantas e nutrir a vida na terra.

- Cai na esperança de que seria valorizada estrumando a terra e a terra geraria mais vida – continuou lamentando aquela folha agora rolando no chão seco, frio ou quente e duro.

- Passei dias envolto em tristeza, no desespero e a única coisa que me consolava, por vezes, era a esperança de ser levado para o campo onde iria servir de estrume.

Quando os agentes de limpeza apareciam, reviravam aquelas folhas deitadas no chão e depois comentavam todos bem cheios de vaidade:

- Que futilidade! Não valem nada. Não vale a pena levá-las para os campos porque serão um veneno para as culturas e posteriormente perigo para a saúde das pessoas!

- O único lugar que lhes merece é a incineração! – Continuavam comentando desinteressadamente os agentes de limpeza.

- Quando ouvi “ incineração” disse para mim mesma: será que mereço esse castigo dos infernos? Terei cometido algum pecado por ter vindo ao mundo para merecer tamanho castigo? – Torturava-se aquela folha com cada pergunta na busca de algum consolo.

Aquela folha não podia deixar-se relaxar porque a pior sorte podia estar a espreita. Os agentes de limpeza estavam a juntar todas as folhas que as classificavam de emprestáveis para a posterior canalização às incineradoras.

Seriam levadas num camião basculante grande e estariam misturadas com outros detritos nocivos e considerados perigosos para a saúde humana.

- Como podem considerar-me de nociva se o que me aconteceu não foi por culpa dolosa? – Insistia com as suas perguntas de imenso desespero a folha. – Se a questão determinante está relacionada com alguém culpado, há que admitir que alguém tinha que estar no meu lugar.

- Estou decididamente resolvida a ter um destino que pelo menos me traga algum consolo – comentou a folha.

Ao declarar aquilo, a folha totalmente desesperada e ajudada pelo vento, seu grande amigo de longa data, deu inúmeros reboliços naquele chão duro, insensível e cruel. Por vezes muito frio ou às vezes muito quente. Não tinha nada de macio que se podia equiparar à caricia do vento.

A folha rolou tanto, afastando-se daquele lugar infame até não mais poder. Atravessou ruas bastante movimentadas. Rolou até se encaixar numa pedra pesada que lhe esbarrou a passagem. Ficou presa na pedra, mas não era o seu destino preferido.

Podia sonhar com estar num campo para ser parte do estrume que podia enriquecer os campos, mas não tinha nenhuma força motriz que pudesse determinar a chegada ao destino predefinido.

A mercê do vento, aquela folha foi arrancada do lugar onde tinha sido forçada a se encaixar e de novo teve que ir parar à estrada alcatroada.

Devido ao calor escaldante, no momento em que a folha voltou a rolar, galgando a estrada tórrida, o alcatrão se encontrava derretido e serviu de armadilha que mais uma vez impediu, inviabilizando a maratona da folha infeliz.

A folha foi obrigada a interrompeu a sua viagem aventureira porque acabou ficando colada ao asfalto calcinante.

A corrente do vento acabava tendo um efeito que prejudicava a folha e encurtava os seus sonhos mais nobres. Mais pontos da folham ficaram coladas ao asfalto pegajoso.

As rodas dos carros que passavam pelo locar acabavam dando um golpe final a uma existência cheia de sonhos. A folha acabaria ficando mais colada e sempre que o alcatrão se derretia devido ao elevado calor, engolia paulatinamente a folha até não mais ser notar a sua presença.

Aquela folha tinha suportado o sacrifício de ter nascido e crescido num espaço impróprio. Por causa disso a sua vida e existência tinham acabado se tornando numa péssima miragem. Seus sonhos se tornaram irreais, mas não pela sua vontade senão pela sorte do destino. Mas será que os sonhos dos mentores daquelas iniciativas revolucionárias teriam sustentabilidade caso continuassem a ignorar a sustentabilidade ambiental?

Se os sonhos daqueles mentores estavam afectando os sonhos das folhas das árvores daquela urbe, era ilógico que construíssem empreendimentos em nome da realização de um grande sonho, o bem-estar.

 

 

                                                                                                        O Autor

Albasini Albino Andela

                                                                                 (Vassetetane wa Vasseteta Mahuaie)

                                                               Contactos: 823521970 / 842118038 / 876583922

 

 

 

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